quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Clarice Lispector

Já escondi um AMOR com medo de perdê-lo, já perdi um AMOR por escondê-lo.
Já segurei nas mãos de alguém por medo, já tive tanto medo, ao ponto de nem sentir minhas mãos.
Já expulsei pessoas que amava de minha vida, já me arrependi por isso.
Já passei noites chorando até pegar no sono, já fui dormir tão feliz, ao ponto de nem conseguir fechar os olhos.
Já acreditei em amores perfeitos, já descobri que eles não existem.
Já amei pessoas que me decepcionaram, já decepcionei pessoas que me amaram.
Já passei horas na frente do espelho tentando descobrir quem sou, já tive tanta certeza de mim, ao ponto de querer sumir.
Já menti e me arrependi depois, já falei a verdade e também me arrependi.
Já fingi não dar importância às pessoas que amava, para mais tarde chorar quieta em meu canto.
Já sorri chorando lágrimas de tristeza, já chorei de tanto rir.
Já acreditei em pessoas que não valiam a pena, já deixei de acreditar nas que realmente valiam.
Já tive crises de riso quando não podia.
Já quebrei pratos, copos e vasos, de raiva.
Já senti muita falta de alguém, mas nunca lhe disse.
Já gritei quando deveria calar, já calei quando deveria gritar.
Muitas vezes deixei de falar o que penso para agradar uns, outras vezes falei o que não pensava para magoar outros.
Já fingi ser o que não sou para agradar uns, já fingi ser o que não sou para desagradar outros.
Já contei piadas e mais piadas sem graça, apenas para ver um amigo feliz.
Já inventei histórias com final feliz para dar esperança a quem precisava.
Já sonhei demais, ao ponto de confundir com a realidade... Já tive medo do escuro, hoje no escuro "me acho, me agacho, fico ali".
Já cai inúmeras vezes achando que não iria me reerguer, já me reergui inúmeras vezes achando que não cairia mais.
Já liguei para quem não queria apenas para não ligar para quem realmente queria.
Já corri atrás de um carro, por ele levar embora, quem eu amava.
Já chamei pela mamãe no meio da noite fugindo de um pesadelo. Mas ela não apareceu e foi um pesadelo maior ainda.
Já chamei pessoas próximas de "amigo" e descobri que não eram... Algumas pessoas nunca precisei chamar de nada e sempre foram e serão especiais para mim.
Não me dêem fórmulas certas, porque eu não espero acertar sempre.
Não me mostre o que esperam de mim, porque vou seguir meu coração!
Não me façam ser o que não sou, não me convidem a ser igual, porque sinceramente sou diferente!
Não sei amar pela metade, não sei viver de mentiras, não sei voar com os pés no chão.
Sou sempre eu mesma, mas com certeza não serei a mesma pra SEMPRE!
Gosto dos venenos mais lentos, das bebidas mais amargas, das drogas mais poderosas, das idéias mais insanas, dos pensamentos mais complexos, dos sentimentos mais fortes.
Tenho um apetite voraz e os delírios mais loucos.
Você pode até me empurrar de um penhasco q eu vou dizer:
- E daí? EU ADORO VOAR!

Sorte aos Nadas

Ninguém morre de amor
Alguns adoecem pela falta dele
Outros vivem o amor

Me arrancaram a esperança de que alguma coisa restava
Já errei outras vezes mas nunca me pareceu tão irreparável quanto essa
Tenho pensado dia e noite em desistir

Esqueço o futuro e continuo o nada que triunfa em mim... ... ... ... ... ...

sábado, 12 de dezembro de 2009

Puta Merda

Quero escrever. Levanto e esqueço. Deito. Quero escrever. Levanto e esqueço. Deito.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Grão

Era uma vez um homem descalço cansado de andar. Uma vez um homem cansado parou. Pra onde estava indo? Porque estava indo?
No jardim do outro lado da rua haviam jovens calçados cantando enquanto um outro tocava o violão. Lembrou que pouco antes perdera os sapatos.
Estava mais que nunca com os pés no chão. Tinha vergonha do tamanho do par mas naquela hora não ligava.
Estava também com a cabeça nas nuvens. Sentia como se não tivesse um passado. Muito menos o futuro ou mesmo um futuro. Qualquer que fosse. Apenas lembrara da perda do sapato.
Mal sabia que estava perdido.
Sentia o nó na garganta. Pensou que era criança e foi pisar no barro pós-chuva. O nó se foi. Ficou vazio ali, com aquele único sentimento de poder pisar numa quase lama, encheu o peito de qualquer coisa que nem sabia o nome mais.
Caminhou uns passos e sentou na rua escura, sozinho. Mais sozinho do que quando lembrava?
Olhou pro céu. Antes dele havia um par de tênis pequeninos amarrados num fio. Um cachorro latia desesperadamente.
Um gato caminhou charmosamente até o homem. Tinha os olhos de vilão. Apenas queria um carinho até a pontinha do rabo. O homem não estava sozinho.
O homem descalço sozinho, de novo. Sem futuro nem passado, respirava fundo, como se fosse deixar a onda passar por cima. Sentindo o mundo acontecer e mais nada. Por um segundo pensou nos sapatos e disse com a voz pequena: "se um dia encontrá-los, continuarei assim. Talvez eu os dê pra alguém que precise ou vou arranjar um jeito de amarrá-los num fio antes do céu."

01:59

Quero abraços de chegada
Tô cansada demais da separação

domingo, 6 de dezembro de 2009

19:39

Nós não temos muito tempo
Seja brevemente intenso

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Sem

Gosto dos sentidos
Mais dos internos do que dos externos
Mas gosto de todos

Tenho dormido cedo
Por não ter onde levar o pensamento
Me sinto torta, bem morta

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Francês

Eu vi alguém nu
Um copo vazio
Uma mente cheia
Dois corpos

Eu pude ouvir
Mil vozes
Dentro da tua
Berrando em francês

Eu vi o som
Duas almas
Dançando no escuro
Eu vi uma luz

Eu cri em mim
Desatei os nós
Desabotoei
Meu peito

Eu cri em nós
Descansei só
Copos cheios
Corpos soltos

sábado, 7 de novembro de 2009

Nadas

descarto olhares
nem mentira nem verdade
que em meu peito arde

e descasco um tudo
fica o caroço ali nu
jogado de lado, mudo

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

ZIL


A gente outro dia não gostava do mar
Outro dia morria de medo que brigasse com Caio no parquinho
Queriamos o Billie Joe, Churucumbito!
O novo corte de cabelo, O caminho pro céu
- Cala a boca. Jesus Cristíssimo
Meia hora de lágrimas em busca da terra do nunca
Noites de fuga, noites de caça e nada e nada
Dias de sombra, de o que será?
Vicente Machado, Silveira Peixoto, Petit Carneiro
Almirante Barroso, chão ão ão, asas, *Rio de Janeiro
Um accordeon, um livro em branco, um livro completo,
uma saudade imensa, o Caetano, as fantasias
Nosso abraço e de novo a saudade
Dois Misto-Quente, dois Minha Querida Sputnik
-2 é sempre melhor que 1
E se não fosse por ti, já não acreditaria em nada
Um carinho inédito no mundo, meu, teu, nuestro, maestro

(Caetano Veloso - Saudosismo)

Feliz 6 anos, flor. aoeuaoehua
Eu amo você!

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Sede

Me ressuscita hoje e amanhã.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Estética de Platão


"Música, a única arte verdadeira."

Se formos analisar seu pensamento, escritores, escultores, atores, e todo outro bando que sempre se considerou e foi considerado artista, teremos um ponto de vista diferente a respeito de nosso trabalho.

O que poderia ser chamado de arte? Arte é a manifestação de ordem estética feita pelo humano. Costumamos ouvir que é uma forma de expressão de nossos sentimentos mais interiorizados.

As formas e os nomes que receberam estão dentro da qualidade de idéia, que fomos guardando em nossa memória desde pequeninos. Portanto, quando olhamos um caderno, temos a idéia dele em mente, mesmo que não seja igual a todos os outros que já vimos antes. Pra que serve um caderno? Bom, cadernos geralmente não aparecem nas artes plásticas. Então usemos de exemplo, a imagem da mulher e suas formas (Desnecessário seria nos perguntar pra que serve uma mulher, por isso continuamos sem interrupções inúteis).

Essas lembranças, fizeram existir a linguagem ou o mundo da matéria retratada no papel. Claro, podemos então analisar uma obra de arte em algum museu, como uma visão de mundo, das lembranças e idéias que o autor um dia teve. Não que aquele retrato não tenha sido feito com sentimento. Claro que foi, temos muito carinho ainda pelo nosso primeiro animal de estimação, porque guardamos pra sempre os momentos que passamos juntos e podemos então descrever o que sentiamos, mesmo que ele já tenha ido embora há tanto tempo e você nunca mais tenha sentido algo parecido, só tenha assistido alguém passar pelo mesmo. É sempre cópia do que foi visto que também é uma cópia da idéia do que fazemos daquela matétia e pode ser lembrado somente pelos que passaram pela terra e conheceram as mesmas dores de ver a beleza de uma mulher nua ou até de ser uma.

Música vem da imaginação ou do que Platão chama de alma irascível. Temos agora que separar música de poesia, onde não entra esse mesmo pensamento. Pensemos em Bach ou para os que não apreciam a música erudita, procurem na internet uma banda chamada Toe. Falamos, portanto, da melodia que vem somente, do que o autor sente. Não podemos dizer o mesmo nos tempos de hoje, quando uma banda faz sucesso, e temos pelo menos 30 cópias amigas. Na época de Platão, não era bem assim. O cara fazia uma frase de música e colocava em partitura e assim eram passadas as músicas para orquestras. Lógicamente, ninguém ligava o rádio e ouvia beethoven pensando "nossa, como é parecido com tal coisa". Não existia rádio e então não era cópia. Por isso Platão, um grande filósofo e escritor, considerava a música a única arte verdadeira.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Ladra

Cada frase que leio em teus olhares
E cada pedido que meus lábios pedem
É só pra você continuar
Me contando poemas pelos olhos
Então eu sou a ladra
E nem você, de tão perto, vê
Mas que roubou meu coração
Até em outro mundo dá pra ler
Somos inigualavelmente iguais

domingo, 26 de julho de 2009

Just Can't Stand This
Oh, I lost all my dreams
With you

So I run and scream
Just next to you
"Give me back my dreams"

Now they are mine
But the dreams are incomplete
Without you

So I run and scream
Just next to you
"Do you want this back?"

Just for you remember me
Oh, I lost all my dreams
With you

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Brasov

Teu caminhar de pernas longas
Passadas por tantas mudanças
Acompanhei de fininho
Vi teus cabelos no vento
Abri sorrisos
Quando tuas luzes brilharam

sábado, 4 de julho de 2009

Cecília

Ela cantou Devolva-me pela última vez bem alto antes de sair com passos lentos de quem sente medo de alcançar o seu destino. Era a primeira vez que cantaria num palco sozinha. Sabia que haveria poucas pessoas sentadas ali em baixo esperando a voz chegar pra decidir a sua própria vida. Havia jurado ser o último não que receberia, se fosse essa a resposta dada.

Sentia suas mãos suando mais do que o normal, era aquela a chance. Não se concentrava no que estava fazendo, e sim no que poderia acontecer. Como o microfone escorregar de sua mão e ela finalmente soltar as lágrimas que escondia no peito. Assim, as poucas pessoas que decidiriam seu futuro a achariam ridícula o suficiente para mandá-la no mesmo exato momento para casa, sem dó nem piedade. Sabia que gritaria pro mundo ouvir que ela jamais voltaria a tocar seus pés num palco, quando recebesse o até então incerto não. E a sua voz estaria melhor do que nunca, soando aquela frase idiota, igual as que cantava acompanhada em bares onde o barulho dos copos e xiado de pessoas era mais alto. Ah, como era maravilhosamente fácil.

...Yes, the strong gets more. While the weak ones fade. Empty pockets dont ever make the grade. Mama may have, papa may have... Aquele nó, aquele suor e as danças quase imperceptíveis. Acabaram-se as músicas, escolhidas com tanto ardor. Eram dez, nem mais nem menos do que isso. Não poderia ser. Calou-se num lalara lêre e esperou.


*Afinal, qual será o futuro próximo de Cecília? Esperem com ela, que logo saberão. A desejem sorte e percebam que eu sou mais besta que ela, ok? Tchau

Cansaço

E se for verdade que tudo sempre vai piorar?
E se tudo ainda mais se complicar?
E não ter nada. Não vai ter nada.
E se a música perder a graça?
E se não existir força?
E não encontrar. Não encontrar.
Que cansaço que dá só de imaginar.
Prometo que não vou mais esperar.

O que há em mim é sobretudo cansaço - Não disto nem daquilo, Nem sequer de tudo ou de nada: Cansaço assim mesmo, ele mesmo, Cansaço. A sutileza das sensações inúteis, As paixões violentas por coisa nenhuma, Os amores intensos por o suposto alguém, Essas coisas todas - Essas e o que falta nelas eternamente -; Tudo isso faz um cansaço, Este cansaço, Cansaço. Há sem dúvida quem ame o infinito, Há sem dúvida quem deseje o impossível, Há sem dúvida quem não queira nada - Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles: Porque eu amo infinitamente o finito, Porque eu desejo impossivelmente o possível, Porque quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser, Ou até se não puder ser... E o resultado? Para eles a vida vivida ou sonhada, Para eles o sonho sonhado ou vivido, Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto... Para mim só um grande, um profundo, E, ah com que felicidade infecundo, cansaço, Um supremíssimo cansaço, Íssimo, íssimo, íssimo, Cansaço... (Fernando Pessoa)

terça-feira, 30 de junho de 2009

Corpos vestidos com calças, sapatos, jalecos brancos, se aproximam do morto que pouco antes de ir pra another world ficara cego. Exames confirmaram a dúvida entre os corpos vivos vestidos de branco, o morto tinha vermes na cabeça, ou melhor dizendo, no cérebro. Mas porque havera ele cegado? Era a grande causa do exame mais aprofundado, onde aqueles corpos brancos, abriram a cabeça cheia de larvas.

(continua)

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Grande Novidade

Não sei bem o que poderia ser chamado de enxergar, ver. Parece que somos praticamente cegos, com a felicidade de podermos nos guiar entre as ruas. O resto é tudo moldado falsamente pra que de alguma forma, acreditemos em coisas irreais que os olhos não podem alertar. É isso. Que merda. Mesmo. Triste.

terça-feira, 23 de junho de 2009

God Bless the Child

Se Deus não existisse teria de ser inventado. (Voltaire)

Nada é crível o suficiente, nem o não nem o sim, mas sei que se talvez ele não existir mesmo, "graças a Deus" que foi inventado.

sábado, 20 de junho de 2009

Uma Sinfonia

Eu então diria
Que tu és
O mundo e eu em sintonia
A carne e a alma em harmonia

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Os Três Mal-Amados

O amor comeu meu nome, minha identidade, meu retrato. O amor comeu minha certidão de idade, minha genealogia, meu endereço. O amor comeu meus cartões de visita. O amor veio e comeu todos os papéis onde eu escrevera meu nome.
O amor comeu minhas roupas, meus lenços, minhas camisas. O amor comeu metros e metros de gravatas. O amor comeu a medida de meus ternos, o número de meus sapatos, o tamanho de meus chapéus. O amor comeu minha altura, meu peso, a cor de meus olhos e de meus cabelos.
O amor comeu meus remédios, minhas receitas médicas, minhas dietas. Comeu minhas aspirinas, minhas ondas-curtas, meus raios-X. Comeu meus testes mentais, meus exames de urina.
O amor comeu na estante todos os meus livros de poesia. Comeu em meus livros de prosa as citações em verso. Comeu no dicionário as palavras que poderiam se juntar em versos.
Faminto, o amor devorou os utensílios de meu uso: pente, navalha, escovas, tesouras de unhas, canivete. Faminto ainda, o amor devorou o uso de meus utensílios: meus banhos frios, a ópera cantada no banheiro, o aquecedor de água de fogo morto mas que parecia uma usina.
O amor comeu as frutas postas sobre a mesa. Bebeu a água dos copos e das quartinhas. Comeu o pão de propósito escondido. Bebeu as lágrimas dos olhos que, ninguém o sabia, estavam cheios de água.
O amor voltou para comer os papéis onde irrefletidamente eu tornara a escrever meu nome.
O amor roeu minha infância, de dedos sujos de tinta, cabelo caindo nos olhos, botinas nunca engraxadas. O amor roeu o menino esquivo, sempre nos cantos, e que riscava os livros, mordia o lápis, andava na rua chutando pedras. Roeu as conversas, junto à bomba de gasolina do largo, com os primos que tudo sabiam sobre passarinhos, sobre uma mulher, sobre marcas de automóvel.
O amor comeu meu Estado e minha cidade. Drenou a água morta dos mangues, aboliu a maré. Comeu os mangues crespos e de folhas duras, comeu o verde ácido das plantas de cana cobrindo os morros regulares, cortados pelas barreiras vermelhas, pelo trenzinho preto, pelas chaminés. Comeu o cheiro de cana cortada e o cheiro de maresia. Comeu até essas coisas de que eu desesperava por não saber falar delas em verso.
O amor comeu até os dias ainda não anunciados nas folhinhas. Comeu os minutos de adiantamento de meu relógio, os anos que as linhas de minha mão asseguravam. Comeu o futuro grande atleta, o futuro grande poeta. Comeu as futuras viagens em volta da terra, as futuras estantes em volta da sala.
O amor comeu minha paz e minha guerra. Meu dia e minha noite. Meu inverno e meu verão. Comeu meu silêncio, minha dor de cabeça, meu medo da morte.


João Cabral de Melo Neto

TWO

(Imagem: Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças)
A certa distância, com olhos de gata, ela encontra a imagem parada de seu namorado. Ele estava ali fixado num livro pocket que ela nem imaginava qual seria, segurando-o aberto com apenas uma mão. A outra segurava o cigarro, que até ela chegar, tragou quatro vezes. Enxergou-o em pé, encostado na parede, de tatuagem nova no pescoço. Teve imensa vontade de correr abraçá-lo, mas decidiu manter o ritmo dos passos anteriores. Enquanto isso, ele não moveu uma só vez a visão em busca de qualquer coisa.Depois de tantos passos pequenos, sentia certo alívio e o coração batendo forte. Apenas ficou ao lado dele, a alguns centímetros, esperando que falasse alguma coisa. Ele esperou terminar o capítulo. Finalmente, sem olhar para ela, começou a caminhar e avisou que iriam molhar os pés no mar aquele dia.- Os pés? Ela disse rindo.- Pois é. O mar é uma delícia quando tá frio. Coisa que a gente não tem muito como aproveitar. Entra logo.- Nunca. Imagine só, tô tremendo aqui fora. respondeu.- Eu te esquento se você vier.
Ela entrou, que dúvida. Ficava desejando uma cama bem ali, quentinha na areia enquanto ele cantava e pulava as ondas com o braço direito pra cima, evitando molhar o cigarro.
- Eu não aguento. Tô ficando roxa. Vou embora.
- Como vai embora?
Depois da ameaça, cumpriu o prometido. A esquentou de carinho, não de calor, que seria impossível dentro d’água. Mas ela esqueceu do frio e amou.
(Que meloso, Jesus Cristíssimo, Madonna)
*Que animais simples que somos.

Caiu uma formiga no meu Nescau

e eu tomei.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Meu Amor

Como ela era especial, eu sou dos poucos que sei o quanto. Não sei se era pro bem ou era pro mal, mas era especial. Ela era aquele tipo de gente que chora, quer se matar e de repente percebe que não dá pra saber se em outro lugar pode ser até pior, ou apenas não ser nada e sorri. Sempre confessei sentir a maior raiva daquilo, de saber não ter orgulho e deixar tudo como inexistente. Passando assim a dor que ela tinha no peito, durante nossas brigas, mas a minha não. Desse jeito, quantas vezes ela sorriu e a fiz cair em pranto novamente? Ela era linda mas sabia esconder sua beleza, até de mim quando estava chateada com qualquer besteira e aí ela ficava feia e era só porque ela queria ficar daquele jeito. Alguém no mundo quer ser feio? Bom, ela queria. Quando começou a fumar, comprava cigarros de filtro vermelho e ao contrário de quem está querendo parar ou o resto dos fumantes, foi diminuindo o nível de nicotina dos cigarros, mudou pro azul, depois pro light e nunca parou. Era tão minha, só não me deixava acreditar. Ela tinha uma capacidade estranha de odiar e amar mais do que o normal. As pessoas que eram odiadas morriam de uma forma assustadoramente rápida, dava impressão que ela os matava mas não era capaz de matar uma barata aquela criatura pequenina que cabia toda em mim. Seus amores, como sei bem, pensavam em morrer mas não morriam pra cuidá-la. Sabiam bem que ela precisava deles como fonte de vida, como motivo. Implorava sempre - Não morre antes de mim? Eu não saberia respirar sem você. Como qualquer ser humano era de uma insatisfação infinita. Só estava satisfeita quando permanecia o tempo que quisesse ao lado das pessoas que amava, o que na verdade nunca aconteceu, porque ela nos queria o tempo todo ou quando ouvia uma música maravilhosa nova ou melhor ainda aprendia a tocá-la. Era de um mau humor inexplicavelmente divertido, inclusive pra ela. Apesar de causar vários problemas. Inútil tentar explicar, não se explica direito alguém em palavras. Explica-se vivendo a pessoa, como eu vivi, como ela viveu a si mesma e viveu tanto os poucos que eram queridos. Ela era uma droga e eu vou viver o resto da vida em abstinência.

terça-feira, 16 de junho de 2009

World

Encolhi o mundo em teus olhos
Dentro deles deitei, levantei e dançei
Com suavidade e leveza
Escolhi meu mundo e o encolhi
Em tua vida, e vivi, ah como eu vivi

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Samba da Benção


É melhor ser alegre que ser triste

Alegria é a melhor coisa que existe

É assim como a luz no coração

Mas pra fazer um samba com beleza

É preciso um bocado de tristeza

É preciso um bocado de tristeza

Senão, não se faz um samba não

Senão é como amar uma mulher só linda

E daí? Uma mulher tem que ter

Qualquer coisa além de beleza

Qualquer coisa de triste

Qualquer coisa que chora

Qualquer coisa que sente saudade

Um molejo de amor machucado

Uma beleza que vem da tristeza

De se saber mulher

Feita apenas para amar

Para sofrer pelo seu amor

E pra ser só perdão

Fazer samba não é contar piada

E quem faz samba assim não é de nada

O bom samba é uma forma de oração

Porque o samba é a tristeza que balança

E a tristeza tem sempre uma esperança

A tristeza tem sempre uma esperança

De um dia não ser mais triste não

Feito essa gente que anda por aí

Brincando com a vida

Cuidado, companheiro!

A vida é pra valer

E não se engane não, tem uma só

Duas mesmo que é bom

Ninguém vai me dizer que tem

Sem provar muito bem provado

Com certidão passada em cartório do céu

E assinado embaixo: Deus

E com firma reconhecida!

A vida não é brincadeira, amigo

A vida é arte do encontro

Embora haja tanto desencontro pela vida

Há sempre uma mulher à sua espera

Com os olhos cheios de carinho

E as mãos cheias de perdão

Ponha um pouco de amor na sua vida

Como no seu samba

Ponha um pouco de amor numa cadência

E vai ver que ninguém no mundo vence

A beleza que tem um samba, não

Porque o samba nasceu lá na Bahia

E se hoje ele é branco na poesia

Se hoje ele é branco na poesia

Ele é negro demais no coração

Baden Powell e Vinícius de Moraes



(Tô com uma falta de inspiração...)

sábado, 30 de maio de 2009

Noemi

Calada e inquieta, Noemi lembra-se de não estar depilada. Coisa que pouco homem suporta é mulher peluda. Sem saber o que fazer, decide fingir desmaiar. Sabendo que um homem de negócios não gostaria de ser encontrado em um hotel com uma prostituta, ainda mais desmaiada, logo sairia do quarto e não alertaria ninguém sobre o ocorrido. Então após tirar sua blusa, cai.

Noemi enganara-se sobre o homem, era um pobre escritor no dia do seu aniversário. Não havia notado as paredes descamando tinta velha. Apenas se concentrara no dia em que quase foi morta por estar com pêlos nas axilas. Imaginou então que a fúria seria maior se a região fosse outra, impossível de esconder enquanto exerce seu trabalho.

Na madrugada anterior, pensara em se matar como em todas as outras noites desde que começou a se prostituir. Era jovem demais e há alguns anos havia se formado em música numa universidade pública qualquer que a levou sair da cidade pequena para que fosse procurar oportunidades na capital. Passou alguns dias com o pouco dinheiro que seus pais puderam lher dar, procurando por emprego. Desiludida, com seu diploma de baixo do braço, morta de saudades de seus queridos, sentara-se no fim da tarde num bar que vendia fiado. Ali Noemi passou muitos finais de dia indignada pela falta de valor que davam praquele papel que carregava pra todo lado. Não havia escola, nem bares que a quisessem. Acabou pedindo emprego pro dono do bar, para poder além de pagar suas contas, beber mais.


(continua)

Cap. II

Próprio do espírito sorumbático é andar sempre calado: tagarelar é o encanto e a alma da vida. (LA CHAUSSÉE)

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Disarm

Vê se te desarmas enquanto estiveres comigo
És tu quem dizes que sou o amor
Digo o mesmo e ainda repito
Que portanto contigo estarei desvestida
Do que não preciso

"Quero que desprendas
de qualquer temor que sintas
Tens o teu escudo
O teu tear
Tens na mão, querida
A semente
De uma flor que inspira um beijo ardente
Um convite para amar..."
(Maria Rita - Menina da Lua)

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Lindíssima


No começo parecia rata e pretedia chamá-la como o nome da música que Caetano diz "você foi rata demais" mas cada dia que passava ela ia ficando mais linda. Virando uma bola, quase foi chamada de Joa Soares ou Mortadela. Ela perdeu todos os irmãozinhos, porque a mãe saiu de casa e foi ter filho na rua. Eles morreram todos afogados pela chuva. Só ficou a minha Bongôzinha. Ela mamou todo leite que aquelas tetas rezervavam pra cinco e no começo a gente suspeitou que ela não tinha cú, porque ela chegava cada dia mais perto de explodir e nunca encontramos uma merdinha dela. Depois de um tempo começaram a aparecer e ela não deixou de engordar. Portanto, ela sempre teve cú abertinho, e depois que as perninhas começaram a aguentar aquele peso todo ela pulava muito feliz quando a gente chegava. Uma vez a gente chegou e não achavamos ela e a encontramos deitada na rede lá fora, se balançando. Inacreditável. Agora mais uma chuva levou embora mais um filhote da Sofia. Tomara que o céu de cachorros tenha redes e muita comida.

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Homenagem ao 403


Que saudade de subir dois andares, talvez errar o lado do corredor, voltar e tocar duas vezes seguidas aquela campainha como senha. Assim de pijama mesmo, levar um CD bom pra gente sair fumar na varanda, morrendo de frio até com casaco do Hitler. Fingir que não percebia alguma coisa e ficar horas falando sobre as minhas paixonites. Cantar milhões de vezes a mesma música que cantamos o ano inteiro e as vezes variar pra um Chega de Saudade. Ficar olhando vocês estudarem enquanto eu falava disparadamente e atrapalhava vocês e a boa educação que receberam não deixava que me mandassem pra puta que pariu, como eu faria se fosse o contrário. Saudades de ver A Favorita e ficar nervosa junto com vocês e de novo sair fumar na sacada. Fazer festinhas de surpresa, ou colocar o máximo de cerveja que podiamos na bolsa pra passar escondido na portaria. Aquilo era pesado e nunca era o tanto certo. Entrar sambando patéticamente durante a abertura da Grande Família, bêbada. Pensar sobre o que eu vou ser nessa vida, enquanto mais novas que eu já tem suas certezas. Ouvir aquela música no violão e a encheção de saco pelo interfone por causa do nosso barulho. Nossos dias eram quase todos iguais mas naquele lugar existiu isso que fez valer a pena. Saudades do último dia que nós três choramos igual retardadas. Tomara que a gente passe no vestibular e fique perto logo. A promessa espero que ainda esteja colada na geladeira. Ah! Esqueci de citar algo muito importante, que era comer o melhor arroz com frango da face da terra. Saudades, porra.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

O Pi Eterno


Não é minha imaginação, tenho provas de que é fato, desde pequena troquei o dia pela noite. Nenhuma criança saberia descrever o infinito barulhinho da tv após acabar a programação naquele listrado colorido em vertical, se realmente não o tivesse presenciado. O frio muitas vezes como impasse entre a cama e a TV (que ainda não havia controle remoto) fez com aquele piiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii eterno um medo inexplicavelmente inesquecível para mim, porque ele me impossibilitava levantar daquela cama quentinha para abaixar o volume. Aí também nasceu a desgraça de não conseguir dormir sem luz alguma. Essas noites podem ser contadas como mais marcantes do que as que vivo hoje, infelizmente. Por mais que as coisas ao redor sejam sempre mais ativas e diferenciadas, toda noite parece a mesma. Mas muitas vezes essas mesmas coisas ativas e diferenciadas estão vestidas de listrado, assim como a televisão, só que em horizontal. Mais vezes ainda, essa coisa sou eu e isso posso ver pelas fotos que era uma mania desde pequenina. Deve ser algo no inconsciente. Trauma da porcaria do pi eterno.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Bacharelado ou Licenciatura?

Dizem que o Google sabe mais que Deus mas hoje ele não soube me dar a respota, assim como mais ninguém conseguiu finalmente me tirar a dúvida. Bacharelado e Licenciatura, qual a diferença? Aceitar resposta como licenciatura pode dar aula e bacharelado não, é estranho demais para mim, porque pensar que alguém escolheria não ter a opção de dar aulas, e também não ter qualquer outra coisa em troca, entende o que eu digo? Alguma coisa que um licenciado não poderia ter, porque é que alguém escolheria bacharelado? Não consigo achar justificativas.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

História e Uns Pensamentos

O ser humano é o centro de tudo, é a medida para todas as coisas. Antropocentrismo era o pensamento Renascentista da Idade Moderna, quando o centro do universo deixa de ser a religião. Hoje considera-se que o ser humano aumentou sua proposta deixando de ser apenas centro para ser um ser totalmente individualista e egoísta. Não poderiamos receber outro nome, enquanto mandar se foder o resto todo é o mais comum.

Quando o teocentrismo era utilizado, era obrigatório ajudar quem precisava, se não não estaria de acordo com as crenças da Biblia, logo, iria direto para o inferno. Era o maior dos medos da época, ir direto para o inferno, por isso essa tatica funcionou por tanto tempo. Além do mais se não existisse o medo do próprio inferno, o medo era dos torturadores de quem não acreditava nele.

Toda crença e fé vai se perdendo cada vez mais, e mesmo quem não crê em nada deveria dar graças a alguma coisa por existir ainda algum tipo de relacionamento com forças maiores. A religião é o que segura o mundo, que se ele já está todo fodido, se não houvesse um Deus estaria certamente muito pior.

obs: Este textinho é só um resumo da aula de história que tive hoje. Vi que algumas informações que gostei de receber faltavam na apostila, portanto aqui estão.

sábado, 16 de maio de 2009

Casulo à Dois

O nosso casulo não é ansiar pelas asas
e pelas cores que nelas virão
Mas viver ali apertadinho
Pra alguma hora voar nosso amor mansinho

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Cada volta tua há de apagar

Esperei por ele com todas as portas e janelas abertas. Ele chegou finalmente e me abraçou de surpresa, quando eu sonhava, em baixo do lençol.

"Eu sei que vou te amar
Por toda a minha vida eu vou te amar
Em cada despedida eu vou te amar
Desesperadamente, eu sei que vou te amar
E cada verso meu será
Prá te dizer que eu sei que vou te amar
Por toda minha vida
Eu sei que vou chorar
A cada ausência tua eu vou chorar
Mas cada volta tua há de apagar
O que esta ausência tua me causou
Eu sei que vou sofrer a eterna desventura de viver
A espera de viver ao lado teu
Por toda a minha vida"
(Tom Jobim/Vinícius de Moraes)

Seja muito bem-vindo frio.

domingo, 10 de maio de 2009

Tá nublado até aqui dentro de casa.


Olho para o salão lotado e me sinto cega enquanto procuro sem resultado algum por meus amigos. Meus olhos me enganam e nem sei se o que escrevo está mesmo correto. Será que conjuntivite cega? Filme legendado, só se for colado na tela. Tenho novo livro do Chico e com um esforço imenso leio grudado aos meus olhos um capítulo de 3 páginas de tanta vontade. A luz dói. De manhã cedinho é quase impossível ficar mais de dois segundos com os olhos abertos. Eu pisco, pisco, pisco... Parece que todos os meus cílios estão por dentro dos olhos e não para fora. O médico disse que em 48 horas eu estaria bem, após tomar meus remédios. Não, faz 10 dias que eu estou piorando. Parou de ficar igual um monstro de inchado e vermelho igual um coelho, mas dói mais e enxergo menos. As pessoas também pararam de fazer comentários do tipo: "nossa, olha que chapada aquela mina" ou "você tá chorando? Não chora". Agora perguntam porque eu não a cumprimentei ontem. Amanhã vou visitá-lo novamente e voltar pro salão ver se acho meus amigos. (A foto é a capa do filme baseado no meu livro preferido, Ensaio Sobre a Cegueira. Apesar do meu carinho por ele, prefiro ficar longe de experimentar o que os personagens passam no livro)

sexta-feira, 8 de maio de 2009

O que que é isso, mulher?

Perdi a coragem de cuspir. Que deu vontade, ô se deu mas aquele não era um bom momento para ser eu mesmo. Fingir é mais interessante quando se trata de sociedade e foi o que fiz como bom senhor de gravata e terno indo pro trabalho infernal. Apenas acendi um cigarro que não deu tempo nem de chegar perto do filtro até me deparar no estabelecimento onde passei maior parte da minha vida. Confesso a vontade imensa de botar logo fogo no maço todo e atacá-lo no prédio cinza. Pensei que seria pouco para causar o que gostaria e fui apertando o botão do elevador, arrumando a gravata que a diaba da minha mulher mal sabia dar nó mas para agradá-la com aquele medo que todo homem tem de levar chifre se a mulher não estiver satisfeita, digo à ela todo dia o quão bem ela amarra isso.
Mesmo assim, na hora do almoço, quando chego, vejo ela sempre com aquela cara de cu com cãibra, botando a mesa que parece ter até cuspido na comida. Foi aí que comecei a história dos meus dias desgraçados, todos iguaizinhos. Porque apartir do momento em que imagino comer comida cuspida, tenho vontade de cuspir por cima só pra dar mais gosto. Aquela gororoba que ela faz é idêntica a pizza de frango e catupiry mastigada. Toda vez que pergunto o que é, ela diz "é o de sempre". Tenho vontade de cuspir mas perco a coragem e eu ainda não consegui saber o que é. Sei que além de parecer, tem gosto de pizza de frango e catupiry mastigada e odeio aquilo e odeio mais ainda minha mulher mas mesmo assim, não quero ser corno, por isso não cuspo na comida que ela prepara para mim. Queria lembrar o motivo pelo qual a primeira vez, quando ela me contou o que era aquilo que ela tanto mastiga e cospe agora, não troquei de mulher. Deve ser tão distante que na época em que provavelmente aconteceu, eu ainda era arrumado e gentil o suficiente para arranjar outra com facilidade. Agora não há mais saída.
Sustentar mulher hoje em dia não é comum mas era o que eu desejava quando garoto. Arranjei uma tapada, que mal consegue escrever o próprio nome de casada. Nem saber fazer feijão com arroz ela sabe. Quando ainda subia, era o que tinhamos de bom e o que fez alguma paixão crescer em mim, se é que você me entende. Ô bixinha arretada que era essa diaba na cama. Não existia hora ruim. Tinha a pele lisinha com pêlos que pareciam pluma na minha mão. Hoje mais parece velcro no toque e na aparência uma ruga só. Ah, se ela ao menos tivesse se importado em comprar um livrinho de culinária para me conquistar pela boca. Nessas feiras de livro sempre tem por 1 real mas ela realmente não se importa. Se tivesse pinto também não subiria mais.
Uma vez encontrei uma moça, estudante da faculdade ao lado do local onde passei a maior parte da minha vida. Me apaixonei por ela e ela teve um caso com um homem mais velho casado por uns tempos, eu. Minha mulher nos viu de mãos dadas no Mercado Municipal e saiu de fininho. Quando cheguei em casa, primeiro tentou me matar de porradas inúteis de mulher, depois me apontou na cabeçeira da cama um pacotinho cheia de lágrimas escorridas na face. Eu abri o pacotinho e lá havia uma porcaria de um viagra que a amiga dela tinha "pegado do marido escondido pra ajudar nóis". Me perguntei como foi que elas chegaram nessa conversa e fiquei com raiva porque alguém sabia da falta que eu fazia para ela na cama. Tomei o negócio, depois de pouco tempo ele estava mais forte do que nunca e nessa ela me fez ligar para a estudante e terminar o "relacionamento", chamar ela de tudo quanto é nome e dizer para ela sumir de lá, se não eu não colocaria um dedo na minha própria mulher. Eu precisava daquilo, o fiz sem dó nem piedade. Arranquei a roupa da diaba e fiz tudo o que pude. Ela disse que gozou 8 vezes, mas 8 vezes dá até para causar morte, não dá? Muita emoção. Tipo porco que goza horas... No dia seguinte me perguntei porque quando liguei para minha amante não pedi que me encontrasse e fui tão burro. Nunca recomendei o remédio para nenhum amigo, fiz o contrário. Perdi a menina da minha vida e fiquei sem remédio de novo.
Tudo piorou dali pra frente. Acho que transamos mais umas duas vezes, e foi só porque enquanto eu dormia ela observa o que acontece comigo e ela percebeu alguma coisa por ali e foi me acordando toda nua por cima de mim. Eu sonhava com a minha terceira namorada e continuava de olhos fechados tentando não tocá-la. Depois por um tempo eu mal dormia para que não acontecesse de novo, esperava ela adormecer e acordava antes dela.
Ás vezes levo flores e bombons, porque mulher tem prazer com chocolate assim como com sexo e as flores são para que ela se sinta um pouco querida. Gasto uma graninha por mês com isso para me sentir seguro de que ela não me bote chifres. Continuo indo de segunda a sábado pro lugar onde passei a maior parte da minha vida só para que isso não aconteça. Se não já teria perdido a mulher para qualquer maloqueiro por aí e ficaria sem dinheiro. Não sei o que é pior, não sei nem fazer ovo frito. Por isso continuo assim fingindo que não tenho opção.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Fazendo disso aqui diário (Parte II)

São Paulo é maior do que você imagina...
Não, não, eu quis dizer o Ed Motta.
Tudo bem, Sampa também é grandinha.

Nunca andei tanto. Nunca vi tanta gente junta. Nunca fiquei tão feliz como no show do Novos Baianos. Nunca passei tanto tempo com meu amor. Nunca gastei tanto dinheiro nem carreguei tanta coisa. Nunca tinha ido ao Mercado Municipal de São Paulo nem andado pela 25 de março em feriado nacional. Nunca tinha ido à virada cultural, nunca tinha visto Novos Baianos nem Geraldo Azevedo nem Joelho de Porco. Nunca tinha ido na livrarias Cultura e encontrado o Ed. Nunca tinha andado na Paulista nem nenhuma das ruas em que andei os últimos dias. Nunca tinha ido visitar minha amiga mais querida. Nunca tinha andado de metrô. Nunca tinha chorado de dor nos pés. Nunca tinha sentado num bar na Vila Madalena. Nunca tinha ido na Puc-SP. Nunca tinha ido no Museu da Língua Portuguesa, nem no da Casa Brasileira, nem na Pinakoteca nem no da Arte Moderna. Nunca tinha dito What a Quéllor! Nunca tinha visto duas vezes o Camelo nem Maria Rita. Nunca tinha ido num bar com Jazz que tocasse Weather Report. Nunca tinha pegado o bus de volta pra Puerto Iguazú, direto de São Pablo. Nunca havia eu comprado Leite Derramado do Chico na Saraiva ou em nenhum lugar.

(se alguém aí, lembrar de algum detalhe a mais, me lembra. fizemos tanta coisa que não da pra lembrar se nesse exato momento não escrevermos)

*Esse texto será reconstruído.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Romance é coisa pra fumante

Começar é a busca do suícidio, parar é encontrá-lo. Viver é diferente de sobreviver. Os romancistas precisam do triunfo da união das palavras. É o vício. O acender do cigarro, da idéia, ou do começo. O trago necessário da fumaça ou de todo sentido que compõe aquelas frases. O movimento dos braços para trazer e levá-lo descansar novamente, como um ciclo ou em busca da escrita perfeita, quando se apaga e recomeça. O podre nos pulmões ou o podre do olhar para fora e para dentro. A beleza triste da fumaça solta ou dos sentimentos precisos acompanhantes dos personagens. O desespero do fim próximo do maço ou do romance. O poder de sentir e o poder de descrever o sentir. Nem todo fumante pode escrever romance mas todo bom romancista foi ou é viciado. Foi, é no caso de Clarice Lispector, falecida.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Estou noiva.

Dia 23 de abril todo ano, mas todo ano mesmo, os dois se encontravam na beiradinha do mar. Eu nunca vi o mar não mas ontem vi um filme que se aluga nas locadora, sabe? O nome dele acho que era Mais Uma Vez Amor. Se lembra que dia é hoje? Minha Santa Ritinha, hoje eles devem tá lá sentadinhos matando as saudades. Hoje meu painho pela coinscidência me pediu em casamento. O casório vai ser daqui um ano porque o dinheiro é falta em nossa vida. Como dinheiro não é coisa que importe, não, é o amorrr que prevalece. A gente espera o tempo que for e se junta pra toda vida. Isso é todo certo.

Olhos fechados pra te encontrar

- Eu sou louca por você.
- Você não enxerga direito com essa conjuntivite, só pode ser.
- Linda!
- Viu.

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Cabeçinha.


Com tanta facilidade se faz juras e com muito desamor tantas se desfazem. Quanto pode ser imposto ao esquecimento. Enquanto a máquina mais engraçada e inexplicável do mundo, prefere destacar aquelas inúteis. Pois é junto do tempo que são contornados com a prática de lembrar o que é necessário ou não. A segunda opção é a mais utilizada. Infelizmente, ninguém consegue parar de pensar.

Então apontam para - música clássica para bêbes; exercícios físicos para futuras mães; leitura etc. Afinal vivemos agora num mundo visual demais, o que pode afetar o poder de imaginação que antepassados demonstram ter mais do que nós. Ter tudo pronto dentro de uma caixa, fez perder o encanto dos livros, da palavra escrita, o que monstrava ainda mais a diferença do ver de cada pessoa e faziam surgir coisas, digamos que originais. Mesmo que sem essa coisinha que utilizo agora para estar escrevendo ninguém soubesse o tanto que sem graduação, era feito com a mente de alguém, quando liam esses livros esquecidos nos dias em que vivemos. Essas pessoas se vivessem nas condições que viviam naquela época, hoje, sentiriam-se no mínimo um tanto quanto entediadas. São inúmeras possibilidades que é até irritante.

Quanto mais você aprende, menos você sabe. Explicação melhor seria, mais você se questiona sobre tudo o que já entendeu mas preferia não ter entendido, e o que esse entendimento traz de ramificações sobre diversas questões cada vez maiores. Eu diria que com a quantidade de informações que recebemos por uma vida toda (que é infinita) daqui pra frente será mais e mais díficil de conviver com tanto. Nossa máquininha pode guardar infinitas vezes esse infinito dentro do parenteses mas são respostas insuportáveis a que recebemos e continuamos a receber e a têndencia é só piorar. Portanto, junto com meus pensamentos e minhas ramificações, me parece melhor esquecer tudo o que for possível que você aprendeu e guardou até agora. Faça isso em ordem decrescente, dos pensamentos mais inúteis que você gasta a maior parte do seu tempo, para os mais úteis, assim vai durar tempo suficiente para você não acabar desempregado e quando estiver chegando na parte do "úteis" (naturalmente) estará aposentado.

Nós vamos criar todas as curas para doenças do corpo todo menos os da cabeça, que até agora só foram feitas adiações e chegaremos ao extremo da loucura humana, sem remédios e entendimentos para tudo o que isso pode nos causar. Nossos problemas vão passar cada vez mais pra cima. E aí vai ser um caos. É mais fácil visualisar que o mundo vai acabar com todas as pessoas se matando de tanta pressão do que ficar esperando o ano 2012 em que ele acaba sozinho, num pluft só, o que também seria uma opção mais simples para acalmar nossas mentes que logo estarão insanas. Extinguir o ser humano será um longo caminho.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Fazendo disso aqui diário (Parte I)

Me dou toda licença para comemorar minha felicidade neste local pouco apropriado. Logo que meus caros amigos não saberiam apreciar a notícia e meu namoradinho tá trabalhando, abraço meu blog igual uma tonga e grito: VAI TER NOVOS BAIANOS! de graça! É! de graça! Ainda, minha mulher mais amada da música brasileira que é de todas as músicas que eu conheço também minha preferida, Maria Rita vai tocar logo após eles. Minha banda querida, ouvida todos os dias, que hoje deixo meu cabelo crescer em sua homenagem, Baby, Novos Baianos, vão se juntar de novo. Eu tô tão contente que se eu escrever um tanto quanto errado e repetidamente, não me importo. Aiai, Marcelo Camelinho. :~ Orgasmos multiplos musicais. Se eu não for vai ser triste, porra. Que lindooooo só pensar em talvez ir. São Paulo é um pouco longe mas como agora pelo menos eu tô estudando, numa dessas rola. Que lindice! Eu tô com sorte pra shows, pena que o Radiohead eu perdi. Bom, é isso. Uhul! Novos Baianinhos, Marinha Ritinha, Marcelinho Camelinho, e eu no meio da multidão feliz da vida. Desejem-me sorte, pessoas inexistentes que lêem meu blog.

domingo, 12 de abril de 2009

O Paciente

Durante aquele sonho perturbador, Matheus se assustava mais em cada quadra que deixava para trás. Depois de muito tempo sem ver qualquer outro carro andando ou mesmo estacionado, começou a se acostumar com a velocidade, Ele via apenas semáforos parados na última bolinha da fileira de cor verde, indicando que poderia seguir.

É claro que acordou após o despertador tocar mas mesmo assim acordara com medo achando por um segundo que aquele barulho repentino seria finalmente um carro que tivera passado também pela mesma situação dos sinais parados e se acostumara com o trânsito calado, fazendo assim com que os dois batessem de frente e morressem. Uma vez alguém me disse que acordar com medo dava dor de cabeça mas tenho certeza que não foi Matheus.

Matheus nunca dizia uma frase sequer que não tivesse sentido. Ele chegou a se proibir de cantar Novos Baianos por mais que amasse. Nós colocavamos bem alto, principalmente quando ele resolvia tomar banho, pra ver se ele parava com as besteiras mas ele saia do banho encharcado e molhava todo o chão da nossa casa, só pra desligar o som. Daí a gente resolveu parar por causa do cachorro que entrava sujo e pisava na água e virava tudo numa meleca só.

Bom, voltando ao começo da conversa, ele havia acordado, não é? Ligou para psicóloga, que a mãe pagava pro marmanjo, e falou sobre aquele sonho com o intuito de descobrir o significado. A psicóloga logo pediu um tempo para que pesquisasse sobre esse determinado significado que não se lembrava. Na verdade, ela queria tempo para construir uma história em cima daquele sonho e ter idéias maravilhosas para que finalmente ele entendesse que deveria avançar o sinal.

Há 11 meses atrás Matheus começara a consultá-la com frequência. Aproximadamente 3 vezes por semana. Aproximadamente porque ele ligava todos os dias pra ela e com o passar do tempo as ligações se tornaram mais duradouras. Sem nenhuma resposta ou sinal, esteve apaixonado por Samantha durante anos e anos, até tentar suícido não achava nada estranho. Resolveu atender aos pedidos da mãe e procurou ajuda. Na verdade, 9 meses atrás ele nunca havia trocado muitas palavras com Sam.

A psicóloga achava que ele só se livraria da obssessão quando conseguisse ter ela em mãos. Portanto inventou histórias para que ele se aproximasse da menina, bem mais nova do que ele. Finalmente, após anos e anos, Matheus alcançou os lábios vermelhos de sua amada. Me lembro das descrições perfeccionistas dele sobre seus beijos de 10 segundos que gastavamos ouvindo durante, no mínimo, 10 minutos. Isso pra ele já era mais do que ele e nós mesmos não acreditavamos que iria conseguir. Talvez até a psicóloga não botasse muita fé nisso.

Bom, já se passaram 9 meses do primeiro beijo e foi praticamente absurdo pra nossa cabeça depois de tanto tempo ouvir sobre os carinhos no pescoço que ela deu nele. A guria passou a conviver com a gente e nós percebiamos uma certa irritação e um lance estranho de olhares pra outras pessoas. Nós diziamos que era uma biscate, lógico que não na frente dele. Mas descobrimos enfim que a adolescente com os hormônios explodindo tinha razões para largar nosso amigo e, aleluia, conseguir um cara que... ahm, ahm, ou melhor, nham nham.

Deu dó da menina quando nós começamos a brincar sobre fazer sexo à três e ela falou pra ele que ela tinha vontade. Imagina só perder a virgindade com duas pessoas na cama. Ela nem gostava dele, não sei porque pra variar saia com uma galera mais descolada, que ouvisse música eletrônica. Quando ela começou a vir, não conhecia nada das nossas bandas preferidas, mas aposto que hoje já sabe todas decor, mesmo que tenha vergonha de cantarolar um pedaçinho ou outro.

Sílvia ligou atrás dele dizendo que havia entendido o sonho, acredita? Ela começou a ligar na nossa casa e dizer alguns detalhes sobre as consultas e tal. Ele não se importava, dizia todo dia para ela. Nós sabiamos de tudo sobre ele. O que não era tanto assim. Eu dei o recado assim que o vagabundo acordou e ele saiu correndo retornar a ligação.

- E aí? Que bom que você ligou, tava morrendo de curiosidade.
- Você quer vir hoje pra eu te dizer?
- Fala por aqui, eu pago a ligação.
- Ok. Olha, os sinais verdes todos abertos, imploram pra que você o mais rápido possível, tente qualquer coisa, sabe? Avançar o sinal com a Samantha... Ela tem 16 anos, é normal que esteja esperando ter alguma relação com o namoradinho de 9 meses.

Ele desligou o telefone sem dizer nada e discou o único número que sabia de cabeça, além do da Sílvia e o da mãe. Samantha não atendia. Por horas não atendera o telefone. Cheguei a me preocupar. Não com ela, é claro, mas com ele que parecia estar tendo um ataque.

Nós nos conheciamos desde criança. Por isso não havia muito espaço e respeito. Ele dormia, normalmente, fora da nossa casa, uma vez por semana. Carência. Eu amava ele. Tadinho. O que era mais estranho pra nós era que nosso amigo sempre teve habitos meio que, digamos, homossexuais. Depois de Sam ele parou com tudo. Não era mais camisa velha. Camisa velha que o botão abre fácil, sabe? Então... ele se apaixonou loucamente por ela e ficou doido. Até então nenhuma mulher se aproximara dele. Aliás, será que ela sabe disso?

Ela retornou a ligação lá por meia-noite à cobrar. Aquele dia tudo desandou. Não no sentido da sexualidade dele, mas em outros que não tem como nomear.


- Então, tô com sono, são 2:15 da manhã. Eu volto daqui um tempo e termino a história. Enquanto isso eles se falam no telefone. Vai dar uma conta brava esse mês. Até logo, Sr. ou Sra. Ninguém Que Lê Meu Blog. :D

Droga

Por um dia todo, parecia haver uma voz narrando histórias fantásticas, detalhadamente, em meu ouvido. Nesse mesmo dia uma força estranha me puxava pra cama e pedia meu sono. Depois do desperdício de palavras e ligações perfeitas delas mesmas, desaprendi a escrita. Voltei ao abecedário.

sábado, 4 de abril de 2009

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Sobre a Toalha Xadrez (Vermelha e Branca)

Descansa enquanto espera ansiosamente o esforço braçal para levantá-lo novamente. Depois de algumas horas com a mão esquerda contornando, erguendo e descansando o copo na mesa, o bêbado engole mais um anjo, bebe as percepções e toma a nitidez a cada copo virado em três goles. Quando no fim da noite acabam os trocados vai embora vomitando vários passos tortos. Ferido após três tombos, um por cada gole que dava na mesma virada, desmaia de cansaço na metade do caminho pra cama. De repente agarra a sede no meio do sono, acorda pedindo um copo d'água pro motorista do ônibus que havia parado para deixar algum passageiro no ponto. O motorista fecha as portas encarando o bêbado mas logo continua seu trajeto.

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Francisco Buarque de Hollanda


Mesmo que um dia me mate de dor
Nunca se tornará arrependimento em mim
Por ter me apresentado este homem
Ele que sabe ser mulher
Que pode ser lindo de bigode, como você
Ele que faz rima como brincadeira
Que faz samba que desmancha penteados
Que compôs o tema do amor de meus avós
Hoje um dos nossos também
Não sei enjoar de cantá-lo
Ele que fez as canções que me dançam a vida
E teus livros me embalam cada noite o sono
Vejo graça nos teus poderes de sentir

Meu amor, meu amorzinho

Prefiro estar cega ao enxergar marcas exageradas no peito de uns. Hoje é mais fácil ver o amor como competição do que como algo realmente amável. Acontece que eu sempre preferi sentimentos simples, por mais fortes que sejam. Ainda uso discman e tento amar da maneira que era descrita antigamente, com pureza. Talvez eu tenha passado muito tempo da minha história vendo filmes românticos ou quando eu dormia enquanto pequena, minha mãe sussurrava em meu ouvido "ame! ame!". Na verdade, eu acredito nas duas hipóteses. Não acho feio querer enfiar o grande amor numa mochila e carregar pra todo lado. Um grande amor não morre. Provavelmente eu pense assim por não saber guardar rancor. Melhor viver intensamente enquanto dure a paixão, as vontades, a saudade. Porque possivelmente aquele amor vá virar alguma outra coisa forte em você. Nem que ódio, nem que lembrança ou até esperança. Gosto de ver o sol ir pra outro lugar e voltar e ir visitar outros lugares de novo enquanto a gente mal coloca os pés no chão, esticados na cama. É engraçado ver que um dia achei estranho realmente sentir falta de alguém a cada minuto de sua ausência. Não se preocupar em parecer uma daquelas mulheres que vivem fazendo o gosto do homem. Agora da pra entender a simplicidade bonita em levantar e fazer um café da manhã pro grande amor. Cada sorriso que você conquista é um motivo novo pra querer levantar no dia seguinte. Mesmo que seja na hora do almoço. Nós temos todo tempo do mundo, ele disse e eu só não o amo enquanto o sol está parado. Sou exagerada, mas o exagero não está na palavra e sim no sentimento.

Prazer?

Um... Dois... Três...
Nascendo!

- Nhá!

Imagina só um recém-nascido de um minuto,
estendendo a mãozinha delicada e dizendo:
- Prazer.

Então é isso aí.