sexta-feira, 24 de abril de 2009

Romance é coisa pra fumante

Começar é a busca do suícidio, parar é encontrá-lo. Viver é diferente de sobreviver. Os romancistas precisam do triunfo da união das palavras. É o vício. O acender do cigarro, da idéia, ou do começo. O trago necessário da fumaça ou de todo sentido que compõe aquelas frases. O movimento dos braços para trazer e levá-lo descansar novamente, como um ciclo ou em busca da escrita perfeita, quando se apaga e recomeça. O podre nos pulmões ou o podre do olhar para fora e para dentro. A beleza triste da fumaça solta ou dos sentimentos precisos acompanhantes dos personagens. O desespero do fim próximo do maço ou do romance. O poder de sentir e o poder de descrever o sentir. Nem todo fumante pode escrever romance mas todo bom romancista foi ou é viciado. Foi, é no caso de Clarice Lispector, falecida.

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