quinta-feira, 29 de julho de 2010

a pessoa errada nasceu pra mim

Meus l'abios ardiam contra o vento e eu olhava tuas palpebras quase fechadas pela poeira. Contei as horas pra que aquele momento fosse 'unico, o nosso reencontro. Tudo o que quis foi correr mas meu corpo tremia incessantemente e n~ao me deixava mover mais do que aquilo pra um lado que n~ao fosse o seu. Eu n~ao sei se era o frio ou o medo de estar em apenas mais uma despedida. Tirei meus 'oculos escuros e coloquei em seu rosto calado, esperando que o inc^omodo passasse e come'casse logo a falar desparadamente. Apertei os olhos e ca'iram l'agrimas escuras, manchando meu rosto e suas m~aos geladas. Senti o cheiro de cigarro mas as beijei t~ao fervorosamente que te vi vermelho desistir da aproxima'c~ao. N~ao sei o que foi que nos aconteceu, pareciamos ter nascido um pro outro, pro amor e pro 'odio. Desisti como sempre do orgulho, que nunca foi a minha cara, e te abracei. Desabou em choro, como uma crian'ca. Senti tanto prazer naqueles suspiros, me passou pela cabe'ca te levar pra casa e cobr'i-lo, com edredons ou beijos. Pensei no seu corpo nu e foi a'i onde tudo parou. Minha mente apagou qualquer dor ou passado que pudesse me impedir da proposta e joguei assim nas suas m~aos sujas o nosso futuro. Fui a um casamento semanas antes, n~ao pude prever ningu'em, se n~ao voc^e parado l'a na frente me olhando de branco. Talvez ele pensasse que n~ao seria s'o uma noite e talvez nem fosse mesmo. Eu ainda o amava como antes e se tivesse um casamento desejaria o seu sorriso ao me ver entrar entrar morena de vestido rendado pra seguir o nosso eterno. Deu um pequeno sorriso de canto de boca e me puxou "Vamos!". Escrevi mentiras misturadas a verdades em seu corpo suado, manchava agora minha l'ingua est'upida que n~ao sabia evitar lamb^e-lo. Roubou a caneta de minhas m~aos, desenhou flores em meu corpo arrepiado. Estavamos fedendo a caneta pra CD. O abracei, desatou meus bra'cos e disse que precisava estar livre pra que se as lembran'cas a tomassem a mem'oria e de repente quisesse fugir de mim. Peguei o papel e comecei a passar tudo aquilo que escrevera em seu corpo pra que nele eu me lembrasse eternamente que prefiro estar exposta a perigos do que n~ao me sentir viva. E j'a faz anos que n~ao sei viver sem voc^e. Mas na manh~a seguinte, n~ao posso deixar de completar, voc^e me acordou contando seu sonho feliz num avi~ao, eu mal escutei. Estava prestando aten'c~ao na sua voz feia e como eu n~ao me importava com isso. Sempre fui realista. Me pediu a m~ao, me acendeu um cigarro sem que eu tivesse pedido, me levou pro banho e esfregou meu corpo at'e que toda a tinta escorresse. Me embrulhou na toalha, me chamando com os olhos pra cama. Escreveu em meu corpo "Minha namorada" de Vinicius. Achei at'e um pouco clich^e mas sou mulher e Vinicius 'e quase t~ao irresist'ivel quanto seu cheiro.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

"A vida s'o se d'a pra quem se deu..."

Guardo na mem'oria a cor de Caetano e percebo que cansei de olhos azuis. Encontrei-me impossibilitada de perder qualquer raz~ao. Senti vazio o peito velho, respirando enfim um ar parecido com infinito, que tento enganar, pobre, em aventuras escondidas, 'unicas, in'umeras e moment^aneas. Achando que nem morrer posso mais. Juro que preciso ser Vinicius, mesmo se ningu'em souber quem sou. E que nem mesmo interesse-me decifrar as inating'iveis delicadesas e insasiaveis paix~oes a que entreguei-me e parei de fugir da vida pela qual anseio.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

N~ao Deu 05 06 Tenha Calma 07 - Djavan

Fazia tempo que n~ao me sentia morrendo
Agora perco a decis~ao se vivo ou n~ao
Inevit'avel j'a sentir tanta incerteza
Juro que tentei evitar estar em meu mundo
A armadura de novo perdida, o frio voltou
Acabaram tantos frascos de perfume
Mas nem assim meu cora'c~ao mudou
Hoje descobri que nem toda foto foi apagada
E que nem todo medo 'e t~ao grande assim
Que me fa'ca desistir de mergulhar
Um dia todo em Djavan e sonhar
Com imposs'ivel final perfeito que n~ao h'a
mas eu cito hoje Clarice, noto e anoto
O que obviamente não presta sempre me interessou muito.
Gosto de um modo carinhoso do inacabado,
do malfeito, daquilo que desajeitadamente tenta
um pequeno vôo e cai sem graça no chão.

Morro de amores e lembro como eu vivi
Tendo ins^onia namorando os olhos medrosos
Acabo a noite com o l'apis e a caneta na m~ao

domingo, 4 de julho de 2010

Butterfly Papillon

Ainda não sei quando e onde essa história de perdermos tempo vai terminar. De pés descalços, de corpo nu, de coração cego, de cabeça crente, com sorrisos vou te desarmar, com teus olhos vai me destruir certezas. E eu canso, apago, caso e reaprendo a sonhar, quase em vão, para sempres. Quase verdade que eu quis, quase apaguei, voltei, plantei flores amarelas e calei nossas mentiras. Mas foi só quase.