sábado, 26 de março de 2011

Paleta de Cores

A quero de vestido amarelo com delicadas flores, como a primeira vez que a vi. Passear com ela, talvez de mãos dadas. Foram por poucas horas que eu tive essa sorte. Eu sei, é estranho um homem querer ver a mulher vestida. Eu a vejo toda hora nua, rodando pela casa, morena, com uma parte do corpo mais clara que a outra. Eu acho que na pele toda dela, não tem sequer um membro que tenha o mesmo tom do outro. Não era uma coisa que se percebia de longe, mas pra quem vira tantas vezes aquele corpo nu, chega a ser bonita a paleta de cores, tom pastel, meio-café-meio-leite.

Nós nos conhecemos num lugar cheio de velhos. Foi engraçado. Tudo bem que já não sou novo, mas não dá pra me comparar com aquela gente. Eu precisava de samba, samba mesmo. Daquele que nem se vê no Paraná. Ela dançava desengonçada no canto do salão, quase rídicula. Na verdade, não foi uma noite tão agradável, por isso é que quando ela entrou desengonçada, de vestido amarelo com flores, na minha vida, eu ri. Talvez do pouco "gingado" dela ou por medo de aquela ser a mulher da minha vida e ser tão rídicula dançando. Dou risada quando me sinto ameaçado mas aquela sensação misturada, de qualquer maneira, melhorou minha noite.

E não deu em outra. Só não sei como pôde Deus ter cometido erro tão brutal, fazendo ela ser o amor de minha vida, aparecer no meu caminho e eu não ser o dela. Há dois anos e sete meses eu trabalho o dia todo e a noite me enterro em seus seios. Mas não sei, às vezes ela some. E quando ela não some, ela não liga se eu não for. Sim, já tentei me fazer de difícil. Não funciona. A mulher é uma rocha. Será tamanha auto-estima? Não dá pra conversar. Ela me conquista, me esperando nua. Eu, homem, lobo, bobo, caio sempre. E no final, ela canta ou lê pra mim, falamos sobre bobagens. Não aceita presentes. O que ela tem contra tecidos? Comprei passagens pra Curitiba em julho. Ela não sabe ainda, mas vai saber. E vai morrer de frio se não se vestir e sair de mãos dadas comigo. Faltam muitos meses ainda. Pelo menos no avião e no táxi vai ter que se vestir. Consigo imaginar a cena toda, acho até engraçada ou medonha. Meu lugar e minha mulher. Porque diabos eu fui escolher Curitiba? Vai que ela se veste mal? Que inferno.

sexta-feira, 25 de março de 2011

2011

O Doente Moliére - Rubem Fonseca (Romance)
Os Prisioneiros - Rubem Fonseca (Contos)
A Bagagem do Viajante - José Saramago (Crônicas)