quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

0

Gozaria inúmeras vezes se sentisse essa dor que tive hoje. Me arrastaram pelos cabelos, como fazem nos carnavais da Bahia, com diferente proposito. Eu pensei em você. Pensei que gostaria de estar em meu lugar. E que se eu estivesse no seu, certamente estaria menos vermelha.

Eu andei sangrando por dentro, sentindo esse calor terrível, atrás de qualquer coisa que pudesse me tirar um leve suspiro. Apaguei um cigarro em minha pele, ou ao menos era o que eu tinha em mente, mas ele não apagou, caiu. Quis cair junto, ser menor que ele, esperar deitada seguindo o vento, grudar embaixo de qualquer sola de sapato. Já torta, rasgada, ser jogada no lixo para a eternidade.

Se eu fosse mesmo uma bituca, preferia que me transformassem em uma flor pra ser guardada no bolso da camisa de alguém lindo como você. Mas eu seria um cigarro vermelho antes de chegar ao seu peito, daqueles gostosos argentinos. Mas se eu ainda estivesse acesa, daria um jeito de queimar sua língua e sentir mais uma vez seu momento de glória no mundo, tão distante e inatingível agora.

Mas se eu continuar sendo eu, abraço meu travesseiro, ligo o ar condicionado, sonho contigo. Na manhã seguinte, tranco os dois acessos pro meu quarto, e gozo. Fumo um cigarro na janela, aberta bem de leve, e recomeço minha vida do zero.

domingo, 24 de janeiro de 2010

Fazendo disso aqui diário (Parte III)

7 dias em Buenos Aires, sem nenhum espanhol na língua. Tivemos sorte nos dois primeiros dias, porque? O cara do hostel que nos atendeu, deixou que ficassemos em um quarto com banheiro, sem que nos contasse que a despesa sairia mais cara. Na verdade era o que tinhamos reservado. Tirando que depois dos dois primeiros dias terem sido uma merda o hostel, tudo foi bem bonito. A localização era boa. A primeira vez que andamos de subte, tivemos um teatro inesperado dentro dele, que achavamos ser uma briga. O sal realmente sai do saleiro, mais até do que devia, em todos os lugares. A Stella Artois custa 5,50 pesos no mercado, que hoje está custando 48 centavos de real o peso. Então isso daria mais ou menos 2,75! O litro! é... o litro. Nós compramos um vinho mas não era bom. Vimos focas, castores, elefantes, quase pandas rojos, e cangurus. Tudo no zoo, claro. Mas sério o melhor possível, acredito. Tinha até urso polar coitado. Eu morrendo de calor, imagine ele, engasgado num pequenino espaço de sombra que nem lhe cobria o corpo todo. Dançamos tango, tá isso é brincadeira. Só tiramos fotos com os dançarinos. Comemos mais do que nunca e engordamos 10 kgs cada um (exagero). Comi um mousse sexta com gosto de céu, e Fernando comeu pra caramba toda a comida salgada que já me cansara. Achamos um gibi maravilhoso, chamado Macanudo. Comprei um Sade em espanhol. Aprendi muito da língua. Bom, é pelo menos o que eu e a fofa achamos, porque só conversavamos entre nós, ninguém que realmente soubesse a língua podia ouvir o que falavamos. Então deixa a gente pelo menos perder o medo. Fomos no MALBA, na frente do planetário, em milhares de bares cafés restaurantes, que acompanhavam a cerveja sempre alguns amendoins. O Mc não é bom, nem as massas. Vimos milhares de homens bonitos. Vimos milhares de mulheres bonitas de costas. Obelisco, Tango, La Boca, Palermo, Recoleta, Centro. Fizemos tudo, confesso que fizemos quase tudo errado mas mesmo assim foi muito muito bom.
(Se o Fefo lembrar de algo que eu não tenha lembrado, me avise pra que eu coloque pra poder lembrar quando ler aqui, ok?)

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Salvador


dalí ou daqui mesmo? haha.

10

Quero rir milhares de vezes com o corpo todo
Quero aprender o que escolhi
Quero os abraços que amo pertinho dos meus carinhos
Quero que todas minhas calças fiquem largas
Quero continuar vendo amor nas coisas que ainda vejo amor
Quero fazer risadas gostosas nos rostos de quem quero bem
Quero me apaixonar por algo/alguém que eu ainda não conheço
Quero música pro mundo, cores e sexo também, paz
Quero conseguir ser criança de vez em quando
Quero sentir intensamente tudo

(pro mundo, me inclui. que fique bem claro, tão claro que escrevo em branco)
*Flor Flox, representa harmonia.

Já Era

Tive vontade de ligar mas não liguei. Porque tenho aprendido a socos da vida que por mais que a gente vá morrer em alguns anos, o melhor é o silêncio. Morrer em alguns anos me traz a obscura sensação de que nada do que vivo hoje vale o que deveria. Mas mesmo assim, me escondo e não faço o que quero, logo, faço o que não quero, me escondo. Por proteção. Mesmo que essa proteção até antes de eu morrer já não vá mais ter feito diferença no meu peito. Na verdade, eu não sei de onde essa vontade. Eu não sinto saudade, nem quero voltar atrás. Apenas encostei a cabeça ao lado do telefone sobre meus braços cruzados e tive pensamentos toscos, só por desculpa pra ligar. Levantei a cabeça após alguns minutos e disse em voz alta mesmo, "cala a merda da boca, pensamento estúpido". Sabe o que eu acho? Que eu tô a fim de sentir. Porque desde então que não sinto nada. E esse vazio imenso que me toma a alma toda, me tortura. Eu prefiro sorrir, mas antes do nada eu prefiro chorar. E eu queria ver se consigo. Chorar por alguma coisa, ver se sinto algo, se o mundo me doa algum sentimento, mesmo que o mais pobre. Me conformo sabendo que se eu fizesse minha vontade também não faria diferença, porque de um jeito ou de outro, daqui alguns anos, ou mesmo hoje, daqui algumas horas, eu posso estar morta e aí é que eu não faço a mínima idéia do que vem pela frente, ou se ao menos vem. Espero que possamos esquecer de tudo, porque arrependimento de não ter feito é o pior de todos. E aposto que nem 1% da humanidade vai morrer eternamente feliz. Isso pra mim já é o inferno. Mas tudo bem, a vida não é para todos.

"Respeito muito minhas lágrimas mas ainda mais minha risada." Caetano Veloso