quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

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Gozaria inúmeras vezes se sentisse essa dor que tive hoje. Me arrastaram pelos cabelos, como fazem nos carnavais da Bahia, com diferente proposito. Eu pensei em você. Pensei que gostaria de estar em meu lugar. E que se eu estivesse no seu, certamente estaria menos vermelha.

Eu andei sangrando por dentro, sentindo esse calor terrível, atrás de qualquer coisa que pudesse me tirar um leve suspiro. Apaguei um cigarro em minha pele, ou ao menos era o que eu tinha em mente, mas ele não apagou, caiu. Quis cair junto, ser menor que ele, esperar deitada seguindo o vento, grudar embaixo de qualquer sola de sapato. Já torta, rasgada, ser jogada no lixo para a eternidade.

Se eu fosse mesmo uma bituca, preferia que me transformassem em uma flor pra ser guardada no bolso da camisa de alguém lindo como você. Mas eu seria um cigarro vermelho antes de chegar ao seu peito, daqueles gostosos argentinos. Mas se eu ainda estivesse acesa, daria um jeito de queimar sua língua e sentir mais uma vez seu momento de glória no mundo, tão distante e inatingível agora.

Mas se eu continuar sendo eu, abraço meu travesseiro, ligo o ar condicionado, sonho contigo. Na manhã seguinte, tranco os dois acessos pro meu quarto, e gozo. Fumo um cigarro na janela, aberta bem de leve, e recomeço minha vida do zero.

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