terça-feira, 29 de junho de 2010

Resenha Crítica Sobre o Livro "História da Língua Portuguesa" de Paul Teyssier

-O francês Paul Teyssier era professor universitário, ensaísta, tradutor e foi nos anos 70 autor da primeira gramática de português em francês. Estudando pela primeira vez as diferenças do português de Portugal e do português do Brasil.
-Paul Teyssier apresenta em seu livro “História da Língua Portuguesa” a evolução de nossa língua de forma simples a compreensão de seus leitores. Começa pelo contexto histórico da língua portuguesa que teve início após a segunda Guerra Púnica, em 209, quando Roma dominava a Península Ibérica e com exceção dos bascos, todos começaram a utilizar o latim.
-502 anos depois os muçulmanos invadem a Península Ibérica e incluem em seu território a Lusitânia. A Gallaecia falava árabe e eram também chamados de Mouros. Teyssier descreve e ressalta o quanto a dominação muçulmana foi importante e determinante para o mapa lingüístico, formado por línguas que nasceram no Norte e que com a reconquista dos romanos, também foram levados ao sul. Essas línguas eram principalmente o galego-português a oeste, o castelhano e o Catalão a leste.
-O galego-português passa por grandes transformações até chegar ao nosso português. Apesar de não haver vestígios de documentos lingüísticos entre o intervalo das invasões germânicas e muçulmanas, Paul Teyssier nos apresenta uma linha evolutiva nos permitindo dar continuidade a história do nosso português.
-O latim bárbaro era apenas falado mas acabou por influenciar a língua escrita, o latim imperial. Essas novas palavras mostram a inclusão e evolução de palavras populares na língua. Mais para frente, o latim imperial transformando-se em língua proto-romance faz surgir novas fronteiras lingüísticas. Isolado de todas as outras línguas faladas na Península Ibérica, o galego-português surge durante o período entre o século IX até o século XII. Seus primeiros documentos escritos aparecem apenas no século XIII.
-Isola-se Portugal da Galícia no século XII, e com isso o centro de Portugal passa a ser o sul, e foi durante esse período que o galego-português se espalhou pelas regiões meridionais onde antes falava-se dialetos moçárabes.
-Foi no século XIV que se deu início a prosa literária no galego-português, quando essa já se tornara língua exclusiva de alguns praticantes. Para o melhor entendimento de seus leitores o autor nos cita exemplos de textos da língua que no momento estudamos. Inclusive podemos perceber nitidamente as diferenças do galego-português para o português atual.
-O autor explora o vasto campo do vocabulário e suas diversas origens. As línguas germânicas, penetradas anteriormente no latim, acabam por aparecer também no português e no espanhol. A influência moura deixou no vocabulário português e no espanhol diversas palavras, hoje arcaicas para nós mas a maior parte delas foram substantivos. Além destas temos influência do bilínguismo, luso-espanhol. Os portugueses cultos usavam o espanhol como segunda língua entre o século XV ao XVII. Após o período de dominação espanhola é que surge uma reação anti-espanhola. Temos também grande influência francesa através do iluminismo.
- O galego começa a se desvincular com o português a partir do século XIV. Então desdo século XVI o galego começa a ser visto como provincial e arcaico.
-Apenas no capítulo três é que começaremos a estudar o português europeu até chegarmos ao atual. Em 1350 o português torna-se língua de Portugal. Entre Lisboa e Coimba o português moderno se constitui, surgindo daí suas principais transformações permanentes, formando normas.
-As grandes navegações iniciadas por Potugal no século XV fez com que o português se expandisse por vários territórios. Hoje o português é a única língua oficial de Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe. Além de ser uma das línguas oficias de outros territórios.
-Mais adiante Teyssier nos relata o português contemporâneo, fixado entre os séculos XIII e XIX. Evoluindo muito a respeito da sintaxe e morfologia de seus verbos principalmente.
-Percebemos com essa leitura que seu autor teve amplo interesse, análise e o escritor francês dominava o que escreveu sobre nossa língua, o português, incluindo seus inúmeros dialetos.

domingo, 27 de junho de 2010

Sem Fantasia

Vem, meu menino vadio, vem, sem mentir pra você

Vem, mas vem sem fantasia, que da noite pro dia

Você não vai crescer

Vem, por favor não evites meu amor, meus convites

Minha dor, meus apelos, vou te envolver nos cabelos,

Vem perde-te em meus braços pelo amor de Deus

Vem que eu te quero fraco, vem que eu te quero tolo

Vem que eu te quero to...do meu



Ah, eu quero te dizer que o instante de te ver custou tanto penar

Não vou me arrepender, só vim te convencer que eu vim pra não morrer

De tanto te esperar, eu quero te contar das chuvas que apanhei

Das noites que varei no escuro a te buscar

Eu quero te mostrar as marcas que ganhei nas lutas contra o rei

Nas discussões com Deus, e agora que cheguei eu quero a recompensa

Eu quero a prenda imensa dos carinhos teus

Chico Buarque de Hollanda

Sem Porquês

Quero esquecer que dia
E em que ano estamos
Na chegada voltar
Quero perder o medo de mim
Ou prefiro ter muitos mais
Não gosto de trocar pontos finais
Quero lembrar que já não importa
Enxergar fora da nuvem
Sem pensar onde poderia pousar

terça-feira, 22 de junho de 2010

Memória da Pele


Eu já esqueci você
Tento crer
Nesses lábios que meus lábios sugam de prazer
Sugo sempre
Busco sempre
A sonhar em vão
Cor vermelha carne da sua boca, coração
Eu já esqueci você, tento crer
Seu nome, sua cara, seu jeito, seu odor
Sua casa, sua cama
Sua carne, seu suor
Eu pertenço a raça da pedra dura
Quando enfim juro que esqueci
Quem se lembra de você em mim
Em mim
Não sou eu sofro e sei
Não sou eu finjo que não sei, não sou eu
Sonho bocas que murmuram
Tranço em pernas que procuram enfim
Não sou eu sofro e sei
Quem se lembra de você em mim
Eu sei, eu sei
Bate é na memória da minha pele
Bate é no sangue que bombeia
Na minha veia
Bate é no champanhe que borbulhava
Na sua taça e que borbulha agora na taça da minha cabeça
Eu já esqueci você, tento crer
Nesses lábios que meus lábios sugam de prazer
Sugo sempre
Busco sempre a sonhar em vão
Cor vermelha, carne da sua boca, coração


João Bosco

*Primeira música que eu realmente adoro desse cara aí.
Vamos ver.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Saramágico



Não sei para que serviria deixar claro o tamanho de meu aborrecimento a respeito de sua morte. Então o que mais eu poderia fazer senão agradecer os 16 romances impecáveis que nos deixou, além de outras tantas peças teatrais, contos e poesias? Pois, esquecido jamais poderá ser. Afinal, é Saramago. Lá se vai mais um amor.


Eu luminoso não sou
Eu luminoso não sou. Nem sei que haja
Um poço mais remoto, e habitado
De cegas criaturas, de histórias e assombros.
Se, no fundo poço, que é o mundo
Secreto e intratável das águas interiores,
Uma roda de céu ondulando se alarga,
Digamos que é o mar: como o rápido canto
Ou apenas o eco, desenha no vazio irrespirável
O movimento de asas. O musgo é um silêncio,
E as cobras-d'água dobram rugas no céu,
Enquanto, devagar, as aves se recolhem.




Espaço curvo e finito
Oculta consciência de não ser,
Ou de ser num estar que me transcende,
Numa rede de presenças e ausências,
Numa fuga para o ponto de partida:
Um perto que é tão longe, um longe aqui.
Uma ânsia de estar e de temer
A semente que de ser se surpreende,
As pedras que repetem as cadências
Da onda sempre nova e repetida
Que neste espaço curvo vem de ti.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Coragem


"Como falar sobre livros que você nunca leu" é o nome do livro que eu encontrei no meio da sessão sobre educação em letras, na minha livraria preferida. Ri, abandonei aquele de 30 reais, "História da Língua Portuguesa" e comprei meu primeiro Kafka. Confesso que se eu cagasse dinheiro, compraria aquele livro desgraçado só pra ver como em menos de 200 páginas alguma personalidade inimaginável pôde pensar que conseguiria resumir infinitas orações e finalmente fazer com que qualquer ser humano pensante acreditasse nele. No fim das contas essa criatura, que não fiz questão de gravar o nome, fez algo besta o suficiente para se tornar interessante. Só juro que não perderia meu tempo com tal livro brutalmente inútil e escolho outro, considerada uma das melhores obras do século XX, quase tão inútil quanto. A diferença é que me tira do meu mundo e não me faz passar vergonha. Imagine ter um livro desses na estante, que medo. Seria ele só, coitado. Talvez menos pior do que ter mais de um Caio Fernando de Abreu. Dessa fase já passamos, ainda bem. Se for da sujeira prefiro Buk, até Mirisola.

terça-feira, 15 de junho de 2010

Sem Fôlego

Pra que a pressa? Não antecipa todo passo, tenho pernas curtas e precisaria correr. Então eu cansaria tão rápido que ninguém perceberia. Não eu. Não você. Não mais. Eu quero a malandragem de se saber ser e viver aqui. Quero falar, ouvir. Quero meia hora. Quero madrugadas. Quero mais de meia cerveja. Quero choro e quero riso. Eu quero graça. Pra isso é que tempo não há. Não gosto de guerra, quero romances. Vinicius e não berros de vozes agudas. Eu não gosto de "Estação das Chuvas" mas quem sabe você gostaria. Preciso entender mas não estou aprendendo nada. Não mais. Só nó.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Ê Rapá

Meu Deus, ele não sabe nada
Ele não sabe calar
Ele não sabe tocar
Meu Deus, o que eu quero escutar
O que eu quero sambar
Ele não sabe dançar

Ei Deus, não quero vê-lo ensinar
Acordes que eu vou cantar
Eu quero é desafinar
Ô Deus, será que pode mudar
O tom de fá pra lá
O sol de lá pra cá

Seu Deus, acho que vou apelar
Pr'algum santo orixa
Vir e me ajudar
Ah, Deus, precisa se controlar
Aprender a deixar
De me importunar

Ei Deus, não quero vê-lo ensinar
Acordes que eu vou cantar
Eu quero é desafinar
Ô Deus, será que pode mudar
O tom de fá pra lá
O sol de lá pra cá


(letra novíssima de nossa mais nova música)

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Flag


Não procurei perfeições e sim força. Eu quero colorir paredes, cravar na pele, ver sangrar. Não espero enxergar no escuro, não iludo. Estou consciente de nosso estado. Algum dia entendo palavras que nunca foram ditas. Calo, igual é simples beijar os meus, doando liberdade. Só que dói, eu gosto de falar. Gemo e de repente pergunto do jazz. Ainda tem tanto pra descobrir, mas é que quero presenciar, se não perco a cabeça em caminhos milagrosamente deixados. E de manhã nos braços dos abraços dá uma saudade da nudez de ontem, então eu sussuro. Vejo medo refletido naquele mel todo. A gente quase que morre todo dia, justamente por viver. Não pelo sangue estar correndo, mas pelo nosso estar pulsando vermelho vinho. Eu queria por alguns instantes não estar cega pra poder mostrá-lo isso. Só que falando a verdade, se acendessem a luz, eu cobriria meus olhos. Não resistiria. Estou esperando, esperando pra gente gozar e gastar a vida enquanto desembaraçamos o seu cabelo e bagunçamos o meu de novo.
Quero um bombom de brigadeiro antes de ir aprontar as malas.

terça-feira, 1 de junho de 2010

S

Eu que sempre tive dor de cabeça pós-doce, descobri um que não dá enjôo e ainda tem toque de amargo. Tipo leite com açucar e algumas gotitas de café, e pra completar teria dois suspiros ao lado. Pode ser também banana ou maçã com brigadeiro e coca-cola com muito gelo. Eu não sei bem do que eu queria falar, mas era tipo uma satisfação imensa com algo que eu nunca achei que fosse gostar tanto. Jamais fui do doce. É. Não tô pra escrever hoje. Deixa pra lá, essa fica inteirinha pra mim. Boa noite.