domingo, 25 de abril de 2010

Ça commence avec toi!


Chico está em falta aqui em casa e por isso palavras tão fracas. Estou cheia de Clarice, não no mau sentido porque dela não sei como entediar. Mas confesso que me sinto ansiosa por novas páginas dele que me façam completar novos sonhos ou contar velhas mágoas. Porque só ela me soube mas só ele me obriga inventar direito. Percebi que muitos de meus maiores amores começam com a letra C. Derramo leite sobre a espera pela a hora de Cecília, minha estrela. Vi algumas vezes com os olhos de Cass, a mulher mais linda da cidade que via beleza no que era feio mas Charles nunca me inspirou nada além da vontade de continuar lendo. Eu nunca quis ter prostitutas nem dormir com ratos. Eu não sou fã de whisky, prefiro cerveja mas antes dela escolho coca-cola, claro. Cerveja bem gelada como todo bom brasileiro morto de calor. Muito antes do meu primeiro gole, do meu primeiro beijo, com três anos eu cantava Cateano que diz a música norte americana ser a melhor de todas. Discordo dele e digo que seguido de Novos Baianos ele vem caminhando contra o vento do sopro americanizado no ouvido de todos, na minha lista de tops do mundo da música. É, ele vem mesmo agora que talvez exista um último gole. Quero estar super sã para ver minha vida andando com pressa e com muito menos tropeços que nesses dezenove anos passados. Mesmo que me pareça passos de recém-nascida. Agora repito na minha cabeça uma frase de música que explicaria melhor já que quando me falta Chico, me faltam as palavras perfeitas de mim. Então o único emo que sobrou dessa fase, First Day Of My Life do Bright Eyes canta o que eu gostaria de ter contado agora. Meu coração tem nome de poeta e parece que Ele finalmente foi justo comigo. Só pra ele não se sentir esquecido como sempre, o Charlie Brown e a menininha ruiva servem de imagem ilustrativa hoje.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Ilumina

Estremeço
Quase que não aguento
Morro de sorrir
e rio atoa

Respiro
Guardo teu perfume
Sou muito mulher
Sou criança

Te respiro
Me estremece
Quase como teus olhos
Brilhando mel doce

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Pulsações

"... Para começo de conversa, afianço que só se vive, vida mesmo, quando se aprende que até a mentira é verdade. Recuso-me a dar provas. Mas se alguém insistir muito em "porquês", digo: a mentira nasce em quem a cria e passa a fazer existirem novas mentiras de novas verdades.
Uma palavra é mentira da outra.
Quero exigentemente que acreditem em mim.
Quero que acreditem em mim até quando minto.
" (pág. 87)


"Obcecado pelo desejo de ser feliz perdi minha vida." (pág. 88)

"Eu não conto a ninguém que estou viva." (pág. 89)

"Me aconchego em viver da imaginação." (pág. 90)


("Um Sopro de Vida - Pulsações" - LISPECTOR, Clarice)

sábado, 10 de abril de 2010

L.



Liz says:
ai quanto mosquito, Léo
queria acender um cigarro
e cantar vagabundo não é fácil

Léo says:
Cantar mulher bonita também não!
hoihoihohoihiooihiohihohiohioh

Liz says:
aoehuaoehaueohaueahueoahueoaheuoae


*Feliz aniversário, doidão!
Foz te aguarda ansiosa, maior.
Abraço forte. ADORO!

terça-feira, 6 de abril de 2010

Língua

Gosto de sentir a minha língua roçar a língua de Luís de Camões
Gosto de ser e de estar
E quero me dedicar a criar confusões de prosódia
E uma profusão de paródias
Que encurtem dores
E furtem cores como camaleões
Gosto do Pessoa na pessoa
Da rosa no Rosa
E sei que a poesia está para a prosa
Assim como o amor está para a amizade
E quem há de negar que esta lhe é superior?
E deixe os Portugais morrerem à míngua
“Minha pátria é minha língua”
Fala Mangueira! Fala!

Flor do Lácio Sambódromo Lusamérica latim em pó
O que quer
O que pode esta língua?

Vamos atentar para a sintaxe dos paulistas
E o falso inglês relax dos surfistas
Sejamos imperialistas! Cadê? Sejamos imperialistas!
Vamos na velô da dicção choo-choo de Carmem Miranda
E que o Chico Buarque de Holanda nos resgate
E – xeque-mate – explique-nos Luanda
Ouçamos com atenção os deles e os delas da TV Globo
Sejamos o lobo do lobo do homem
Lobo do lobo do lobo do homem
Adoro nomes
Nomes em ã
De coisas como rã e ímã
Ímã ímã ímã ímã ímã ímã ímã ímã
Nomes de nomes
Como Scarlet Moon de Chevalier, Glauco Mattoso e Arrigo Barnabé
e Maria da Fé

Flor do Lácio Sambódromo Lusamérica latim em pó
O que quer
O que pode esta língua?

Se você tem uma idéia incrível é melhor fazer uma canção
Está provado que só é possível filosofar em alemão
Blitz quer dizer corisco
Hollywood quer dizer Azevedo
E o Recôncavo, e o Recôncavo, e o Recôncavo meu medo
A língua é minha pátria
E eu não tenho pátria, tenho mátria
E quero frátria
Poesia concreta, prosa caótica
Ótica futura
Samba-rap, chic-left com banana
(– Será que ele está no Pão de Açúcar?
– Tá craude brô
– Você e tu
– Lhe amo
– Qué queu te faço, nego?
– Bote ligeiro!
– Ma’de brinquinho, Ricardo!? Teu tio vai ficar desesperado!
– Ó Tavinho, põe camisola pra dentro, assim mais pareces um espantalho!
– I like to spend some time in Mozambique
– Arigatô, arigatô!)
Nós canto-falamos como quem inveja negros
Que sofrem horrores no Gueto do Harlem
Livros, discos, vídeos à mancheia
E deixa que digam, que pensem, que falem.

Caetano Veloso

(música escolhida para aula de Lírica)