quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Clarice Lispector

Já escondi um AMOR com medo de perdê-lo, já perdi um AMOR por escondê-lo.
Já segurei nas mãos de alguém por medo, já tive tanto medo, ao ponto de nem sentir minhas mãos.
Já expulsei pessoas que amava de minha vida, já me arrependi por isso.
Já passei noites chorando até pegar no sono, já fui dormir tão feliz, ao ponto de nem conseguir fechar os olhos.
Já acreditei em amores perfeitos, já descobri que eles não existem.
Já amei pessoas que me decepcionaram, já decepcionei pessoas que me amaram.
Já passei horas na frente do espelho tentando descobrir quem sou, já tive tanta certeza de mim, ao ponto de querer sumir.
Já menti e me arrependi depois, já falei a verdade e também me arrependi.
Já fingi não dar importância às pessoas que amava, para mais tarde chorar quieta em meu canto.
Já sorri chorando lágrimas de tristeza, já chorei de tanto rir.
Já acreditei em pessoas que não valiam a pena, já deixei de acreditar nas que realmente valiam.
Já tive crises de riso quando não podia.
Já quebrei pratos, copos e vasos, de raiva.
Já senti muita falta de alguém, mas nunca lhe disse.
Já gritei quando deveria calar, já calei quando deveria gritar.
Muitas vezes deixei de falar o que penso para agradar uns, outras vezes falei o que não pensava para magoar outros.
Já fingi ser o que não sou para agradar uns, já fingi ser o que não sou para desagradar outros.
Já contei piadas e mais piadas sem graça, apenas para ver um amigo feliz.
Já inventei histórias com final feliz para dar esperança a quem precisava.
Já sonhei demais, ao ponto de confundir com a realidade... Já tive medo do escuro, hoje no escuro "me acho, me agacho, fico ali".
Já cai inúmeras vezes achando que não iria me reerguer, já me reergui inúmeras vezes achando que não cairia mais.
Já liguei para quem não queria apenas para não ligar para quem realmente queria.
Já corri atrás de um carro, por ele levar embora, quem eu amava.
Já chamei pela mamãe no meio da noite fugindo de um pesadelo. Mas ela não apareceu e foi um pesadelo maior ainda.
Já chamei pessoas próximas de "amigo" e descobri que não eram... Algumas pessoas nunca precisei chamar de nada e sempre foram e serão especiais para mim.
Não me dêem fórmulas certas, porque eu não espero acertar sempre.
Não me mostre o que esperam de mim, porque vou seguir meu coração!
Não me façam ser o que não sou, não me convidem a ser igual, porque sinceramente sou diferente!
Não sei amar pela metade, não sei viver de mentiras, não sei voar com os pés no chão.
Sou sempre eu mesma, mas com certeza não serei a mesma pra SEMPRE!
Gosto dos venenos mais lentos, das bebidas mais amargas, das drogas mais poderosas, das idéias mais insanas, dos pensamentos mais complexos, dos sentimentos mais fortes.
Tenho um apetite voraz e os delírios mais loucos.
Você pode até me empurrar de um penhasco q eu vou dizer:
- E daí? EU ADORO VOAR!

Sorte aos Nadas

Ninguém morre de amor
Alguns adoecem pela falta dele
Outros vivem o amor

Me arrancaram a esperança de que alguma coisa restava
Já errei outras vezes mas nunca me pareceu tão irreparável quanto essa
Tenho pensado dia e noite em desistir

Esqueço o futuro e continuo o nada que triunfa em mim... ... ... ... ... ...

sábado, 12 de dezembro de 2009

Puta Merda

Quero escrever. Levanto e esqueço. Deito. Quero escrever. Levanto e esqueço. Deito.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Grão

Era uma vez um homem descalço cansado de andar. Uma vez um homem cansado parou. Pra onde estava indo? Porque estava indo?
No jardim do outro lado da rua haviam jovens calçados cantando enquanto um outro tocava o violão. Lembrou que pouco antes perdera os sapatos.
Estava mais que nunca com os pés no chão. Tinha vergonha do tamanho do par mas naquela hora não ligava.
Estava também com a cabeça nas nuvens. Sentia como se não tivesse um passado. Muito menos o futuro ou mesmo um futuro. Qualquer que fosse. Apenas lembrara da perda do sapato.
Mal sabia que estava perdido.
Sentia o nó na garganta. Pensou que era criança e foi pisar no barro pós-chuva. O nó se foi. Ficou vazio ali, com aquele único sentimento de poder pisar numa quase lama, encheu o peito de qualquer coisa que nem sabia o nome mais.
Caminhou uns passos e sentou na rua escura, sozinho. Mais sozinho do que quando lembrava?
Olhou pro céu. Antes dele havia um par de tênis pequeninos amarrados num fio. Um cachorro latia desesperadamente.
Um gato caminhou charmosamente até o homem. Tinha os olhos de vilão. Apenas queria um carinho até a pontinha do rabo. O homem não estava sozinho.
O homem descalço sozinho, de novo. Sem futuro nem passado, respirava fundo, como se fosse deixar a onda passar por cima. Sentindo o mundo acontecer e mais nada. Por um segundo pensou nos sapatos e disse com a voz pequena: "se um dia encontrá-los, continuarei assim. Talvez eu os dê pra alguém que precise ou vou arranjar um jeito de amarrá-los num fio antes do céu."

01:59

Quero abraços de chegada
Tô cansada demais da separação

domingo, 6 de dezembro de 2009

19:39

Nós não temos muito tempo
Seja brevemente intenso

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009