sexta-feira, 24 de abril de 2009

Romance é coisa pra fumante

Começar é a busca do suícidio, parar é encontrá-lo. Viver é diferente de sobreviver. Os romancistas precisam do triunfo da união das palavras. É o vício. O acender do cigarro, da idéia, ou do começo. O trago necessário da fumaça ou de todo sentido que compõe aquelas frases. O movimento dos braços para trazer e levá-lo descansar novamente, como um ciclo ou em busca da escrita perfeita, quando se apaga e recomeça. O podre nos pulmões ou o podre do olhar para fora e para dentro. A beleza triste da fumaça solta ou dos sentimentos precisos acompanhantes dos personagens. O desespero do fim próximo do maço ou do romance. O poder de sentir e o poder de descrever o sentir. Nem todo fumante pode escrever romance mas todo bom romancista foi ou é viciado. Foi, é no caso de Clarice Lispector, falecida.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Estou noiva.

Dia 23 de abril todo ano, mas todo ano mesmo, os dois se encontravam na beiradinha do mar. Eu nunca vi o mar não mas ontem vi um filme que se aluga nas locadora, sabe? O nome dele acho que era Mais Uma Vez Amor. Se lembra que dia é hoje? Minha Santa Ritinha, hoje eles devem tá lá sentadinhos matando as saudades. Hoje meu painho pela coinscidência me pediu em casamento. O casório vai ser daqui um ano porque o dinheiro é falta em nossa vida. Como dinheiro não é coisa que importe, não, é o amorrr que prevalece. A gente espera o tempo que for e se junta pra toda vida. Isso é todo certo.

Olhos fechados pra te encontrar

- Eu sou louca por você.
- Você não enxerga direito com essa conjuntivite, só pode ser.
- Linda!
- Viu.

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Cabeçinha.


Com tanta facilidade se faz juras e com muito desamor tantas se desfazem. Quanto pode ser imposto ao esquecimento. Enquanto a máquina mais engraçada e inexplicável do mundo, prefere destacar aquelas inúteis. Pois é junto do tempo que são contornados com a prática de lembrar o que é necessário ou não. A segunda opção é a mais utilizada. Infelizmente, ninguém consegue parar de pensar.

Então apontam para - música clássica para bêbes; exercícios físicos para futuras mães; leitura etc. Afinal vivemos agora num mundo visual demais, o que pode afetar o poder de imaginação que antepassados demonstram ter mais do que nós. Ter tudo pronto dentro de uma caixa, fez perder o encanto dos livros, da palavra escrita, o que monstrava ainda mais a diferença do ver de cada pessoa e faziam surgir coisas, digamos que originais. Mesmo que sem essa coisinha que utilizo agora para estar escrevendo ninguém soubesse o tanto que sem graduação, era feito com a mente de alguém, quando liam esses livros esquecidos nos dias em que vivemos. Essas pessoas se vivessem nas condições que viviam naquela época, hoje, sentiriam-se no mínimo um tanto quanto entediadas. São inúmeras possibilidades que é até irritante.

Quanto mais você aprende, menos você sabe. Explicação melhor seria, mais você se questiona sobre tudo o que já entendeu mas preferia não ter entendido, e o que esse entendimento traz de ramificações sobre diversas questões cada vez maiores. Eu diria que com a quantidade de informações que recebemos por uma vida toda (que é infinita) daqui pra frente será mais e mais díficil de conviver com tanto. Nossa máquininha pode guardar infinitas vezes esse infinito dentro do parenteses mas são respostas insuportáveis a que recebemos e continuamos a receber e a têndencia é só piorar. Portanto, junto com meus pensamentos e minhas ramificações, me parece melhor esquecer tudo o que for possível que você aprendeu e guardou até agora. Faça isso em ordem decrescente, dos pensamentos mais inúteis que você gasta a maior parte do seu tempo, para os mais úteis, assim vai durar tempo suficiente para você não acabar desempregado e quando estiver chegando na parte do "úteis" (naturalmente) estará aposentado.

Nós vamos criar todas as curas para doenças do corpo todo menos os da cabeça, que até agora só foram feitas adiações e chegaremos ao extremo da loucura humana, sem remédios e entendimentos para tudo o que isso pode nos causar. Nossos problemas vão passar cada vez mais pra cima. E aí vai ser um caos. É mais fácil visualisar que o mundo vai acabar com todas as pessoas se matando de tanta pressão do que ficar esperando o ano 2012 em que ele acaba sozinho, num pluft só, o que também seria uma opção mais simples para acalmar nossas mentes que logo estarão insanas. Extinguir o ser humano será um longo caminho.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Fazendo disso aqui diário (Parte I)

Me dou toda licença para comemorar minha felicidade neste local pouco apropriado. Logo que meus caros amigos não saberiam apreciar a notícia e meu namoradinho tá trabalhando, abraço meu blog igual uma tonga e grito: VAI TER NOVOS BAIANOS! de graça! É! de graça! Ainda, minha mulher mais amada da música brasileira que é de todas as músicas que eu conheço também minha preferida, Maria Rita vai tocar logo após eles. Minha banda querida, ouvida todos os dias, que hoje deixo meu cabelo crescer em sua homenagem, Baby, Novos Baianos, vão se juntar de novo. Eu tô tão contente que se eu escrever um tanto quanto errado e repetidamente, não me importo. Aiai, Marcelo Camelinho. :~ Orgasmos multiplos musicais. Se eu não for vai ser triste, porra. Que lindooooo só pensar em talvez ir. São Paulo é um pouco longe mas como agora pelo menos eu tô estudando, numa dessas rola. Que lindice! Eu tô com sorte pra shows, pena que o Radiohead eu perdi. Bom, é isso. Uhul! Novos Baianinhos, Marinha Ritinha, Marcelinho Camelinho, e eu no meio da multidão feliz da vida. Desejem-me sorte, pessoas inexistentes que lêem meu blog.

domingo, 12 de abril de 2009

O Paciente

Durante aquele sonho perturbador, Matheus se assustava mais em cada quadra que deixava para trás. Depois de muito tempo sem ver qualquer outro carro andando ou mesmo estacionado, começou a se acostumar com a velocidade, Ele via apenas semáforos parados na última bolinha da fileira de cor verde, indicando que poderia seguir.

É claro que acordou após o despertador tocar mas mesmo assim acordara com medo achando por um segundo que aquele barulho repentino seria finalmente um carro que tivera passado também pela mesma situação dos sinais parados e se acostumara com o trânsito calado, fazendo assim com que os dois batessem de frente e morressem. Uma vez alguém me disse que acordar com medo dava dor de cabeça mas tenho certeza que não foi Matheus.

Matheus nunca dizia uma frase sequer que não tivesse sentido. Ele chegou a se proibir de cantar Novos Baianos por mais que amasse. Nós colocavamos bem alto, principalmente quando ele resolvia tomar banho, pra ver se ele parava com as besteiras mas ele saia do banho encharcado e molhava todo o chão da nossa casa, só pra desligar o som. Daí a gente resolveu parar por causa do cachorro que entrava sujo e pisava na água e virava tudo numa meleca só.

Bom, voltando ao começo da conversa, ele havia acordado, não é? Ligou para psicóloga, que a mãe pagava pro marmanjo, e falou sobre aquele sonho com o intuito de descobrir o significado. A psicóloga logo pediu um tempo para que pesquisasse sobre esse determinado significado que não se lembrava. Na verdade, ela queria tempo para construir uma história em cima daquele sonho e ter idéias maravilhosas para que finalmente ele entendesse que deveria avançar o sinal.

Há 11 meses atrás Matheus começara a consultá-la com frequência. Aproximadamente 3 vezes por semana. Aproximadamente porque ele ligava todos os dias pra ela e com o passar do tempo as ligações se tornaram mais duradouras. Sem nenhuma resposta ou sinal, esteve apaixonado por Samantha durante anos e anos, até tentar suícido não achava nada estranho. Resolveu atender aos pedidos da mãe e procurou ajuda. Na verdade, 9 meses atrás ele nunca havia trocado muitas palavras com Sam.

A psicóloga achava que ele só se livraria da obssessão quando conseguisse ter ela em mãos. Portanto inventou histórias para que ele se aproximasse da menina, bem mais nova do que ele. Finalmente, após anos e anos, Matheus alcançou os lábios vermelhos de sua amada. Me lembro das descrições perfeccionistas dele sobre seus beijos de 10 segundos que gastavamos ouvindo durante, no mínimo, 10 minutos. Isso pra ele já era mais do que ele e nós mesmos não acreditavamos que iria conseguir. Talvez até a psicóloga não botasse muita fé nisso.

Bom, já se passaram 9 meses do primeiro beijo e foi praticamente absurdo pra nossa cabeça depois de tanto tempo ouvir sobre os carinhos no pescoço que ela deu nele. A guria passou a conviver com a gente e nós percebiamos uma certa irritação e um lance estranho de olhares pra outras pessoas. Nós diziamos que era uma biscate, lógico que não na frente dele. Mas descobrimos enfim que a adolescente com os hormônios explodindo tinha razões para largar nosso amigo e, aleluia, conseguir um cara que... ahm, ahm, ou melhor, nham nham.

Deu dó da menina quando nós começamos a brincar sobre fazer sexo à três e ela falou pra ele que ela tinha vontade. Imagina só perder a virgindade com duas pessoas na cama. Ela nem gostava dele, não sei porque pra variar saia com uma galera mais descolada, que ouvisse música eletrônica. Quando ela começou a vir, não conhecia nada das nossas bandas preferidas, mas aposto que hoje já sabe todas decor, mesmo que tenha vergonha de cantarolar um pedaçinho ou outro.

Sílvia ligou atrás dele dizendo que havia entendido o sonho, acredita? Ela começou a ligar na nossa casa e dizer alguns detalhes sobre as consultas e tal. Ele não se importava, dizia todo dia para ela. Nós sabiamos de tudo sobre ele. O que não era tanto assim. Eu dei o recado assim que o vagabundo acordou e ele saiu correndo retornar a ligação.

- E aí? Que bom que você ligou, tava morrendo de curiosidade.
- Você quer vir hoje pra eu te dizer?
- Fala por aqui, eu pago a ligação.
- Ok. Olha, os sinais verdes todos abertos, imploram pra que você o mais rápido possível, tente qualquer coisa, sabe? Avançar o sinal com a Samantha... Ela tem 16 anos, é normal que esteja esperando ter alguma relação com o namoradinho de 9 meses.

Ele desligou o telefone sem dizer nada e discou o único número que sabia de cabeça, além do da Sílvia e o da mãe. Samantha não atendia. Por horas não atendera o telefone. Cheguei a me preocupar. Não com ela, é claro, mas com ele que parecia estar tendo um ataque.

Nós nos conheciamos desde criança. Por isso não havia muito espaço e respeito. Ele dormia, normalmente, fora da nossa casa, uma vez por semana. Carência. Eu amava ele. Tadinho. O que era mais estranho pra nós era que nosso amigo sempre teve habitos meio que, digamos, homossexuais. Depois de Sam ele parou com tudo. Não era mais camisa velha. Camisa velha que o botão abre fácil, sabe? Então... ele se apaixonou loucamente por ela e ficou doido. Até então nenhuma mulher se aproximara dele. Aliás, será que ela sabe disso?

Ela retornou a ligação lá por meia-noite à cobrar. Aquele dia tudo desandou. Não no sentido da sexualidade dele, mas em outros que não tem como nomear.


- Então, tô com sono, são 2:15 da manhã. Eu volto daqui um tempo e termino a história. Enquanto isso eles se falam no telefone. Vai dar uma conta brava esse mês. Até logo, Sr. ou Sra. Ninguém Que Lê Meu Blog. :D

Droga

Por um dia todo, parecia haver uma voz narrando histórias fantásticas, detalhadamente, em meu ouvido. Nesse mesmo dia uma força estranha me puxava pra cama e pedia meu sono. Depois do desperdício de palavras e ligações perfeitas delas mesmas, desaprendi a escrita. Voltei ao abecedário.

sábado, 4 de abril de 2009

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Sobre a Toalha Xadrez (Vermelha e Branca)

Descansa enquanto espera ansiosamente o esforço braçal para levantá-lo novamente. Depois de algumas horas com a mão esquerda contornando, erguendo e descansando o copo na mesa, o bêbado engole mais um anjo, bebe as percepções e toma a nitidez a cada copo virado em três goles. Quando no fim da noite acabam os trocados vai embora vomitando vários passos tortos. Ferido após três tombos, um por cada gole que dava na mesma virada, desmaia de cansaço na metade do caminho pra cama. De repente agarra a sede no meio do sono, acorda pedindo um copo d'água pro motorista do ônibus que havia parado para deixar algum passageiro no ponto. O motorista fecha as portas encarando o bêbado mas logo continua seu trajeto.

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Francisco Buarque de Hollanda


Mesmo que um dia me mate de dor
Nunca se tornará arrependimento em mim
Por ter me apresentado este homem
Ele que sabe ser mulher
Que pode ser lindo de bigode, como você
Ele que faz rima como brincadeira
Que faz samba que desmancha penteados
Que compôs o tema do amor de meus avós
Hoje um dos nossos também
Não sei enjoar de cantá-lo
Ele que fez as canções que me dançam a vida
E teus livros me embalam cada noite o sono
Vejo graça nos teus poderes de sentir

Meu amor, meu amorzinho

Prefiro estar cega ao enxergar marcas exageradas no peito de uns. Hoje é mais fácil ver o amor como competição do que como algo realmente amável. Acontece que eu sempre preferi sentimentos simples, por mais fortes que sejam. Ainda uso discman e tento amar da maneira que era descrita antigamente, com pureza. Talvez eu tenha passado muito tempo da minha história vendo filmes românticos ou quando eu dormia enquanto pequena, minha mãe sussurrava em meu ouvido "ame! ame!". Na verdade, eu acredito nas duas hipóteses. Não acho feio querer enfiar o grande amor numa mochila e carregar pra todo lado. Um grande amor não morre. Provavelmente eu pense assim por não saber guardar rancor. Melhor viver intensamente enquanto dure a paixão, as vontades, a saudade. Porque possivelmente aquele amor vá virar alguma outra coisa forte em você. Nem que ódio, nem que lembrança ou até esperança. Gosto de ver o sol ir pra outro lugar e voltar e ir visitar outros lugares de novo enquanto a gente mal coloca os pés no chão, esticados na cama. É engraçado ver que um dia achei estranho realmente sentir falta de alguém a cada minuto de sua ausência. Não se preocupar em parecer uma daquelas mulheres que vivem fazendo o gosto do homem. Agora da pra entender a simplicidade bonita em levantar e fazer um café da manhã pro grande amor. Cada sorriso que você conquista é um motivo novo pra querer levantar no dia seguinte. Mesmo que seja na hora do almoço. Nós temos todo tempo do mundo, ele disse e eu só não o amo enquanto o sol está parado. Sou exagerada, mas o exagero não está na palavra e sim no sentimento.

Prazer?

Um... Dois... Três...
Nascendo!

- Nhá!

Imagina só um recém-nascido de um minuto,
estendendo a mãozinha delicada e dizendo:
- Prazer.

Então é isso aí.