sábado, 4 de julho de 2009

Cecília

Ela cantou Devolva-me pela última vez bem alto antes de sair com passos lentos de quem sente medo de alcançar o seu destino. Era a primeira vez que cantaria num palco sozinha. Sabia que haveria poucas pessoas sentadas ali em baixo esperando a voz chegar pra decidir a sua própria vida. Havia jurado ser o último não que receberia, se fosse essa a resposta dada.

Sentia suas mãos suando mais do que o normal, era aquela a chance. Não se concentrava no que estava fazendo, e sim no que poderia acontecer. Como o microfone escorregar de sua mão e ela finalmente soltar as lágrimas que escondia no peito. Assim, as poucas pessoas que decidiriam seu futuro a achariam ridícula o suficiente para mandá-la no mesmo exato momento para casa, sem dó nem piedade. Sabia que gritaria pro mundo ouvir que ela jamais voltaria a tocar seus pés num palco, quando recebesse o até então incerto não. E a sua voz estaria melhor do que nunca, soando aquela frase idiota, igual as que cantava acompanhada em bares onde o barulho dos copos e xiado de pessoas era mais alto. Ah, como era maravilhosamente fácil.

...Yes, the strong gets more. While the weak ones fade. Empty pockets dont ever make the grade. Mama may have, papa may have... Aquele nó, aquele suor e as danças quase imperceptíveis. Acabaram-se as músicas, escolhidas com tanto ardor. Eram dez, nem mais nem menos do que isso. Não poderia ser. Calou-se num lalara lêre e esperou.


*Afinal, qual será o futuro próximo de Cecília? Esperem com ela, que logo saberão. A desejem sorte e percebam que eu sou mais besta que ela, ok? Tchau

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