quarta-feira, 17 de junho de 2009

Meu Amor

Como ela era especial, eu sou dos poucos que sei o quanto. Não sei se era pro bem ou era pro mal, mas era especial. Ela era aquele tipo de gente que chora, quer se matar e de repente percebe que não dá pra saber se em outro lugar pode ser até pior, ou apenas não ser nada e sorri. Sempre confessei sentir a maior raiva daquilo, de saber não ter orgulho e deixar tudo como inexistente. Passando assim a dor que ela tinha no peito, durante nossas brigas, mas a minha não. Desse jeito, quantas vezes ela sorriu e a fiz cair em pranto novamente? Ela era linda mas sabia esconder sua beleza, até de mim quando estava chateada com qualquer besteira e aí ela ficava feia e era só porque ela queria ficar daquele jeito. Alguém no mundo quer ser feio? Bom, ela queria. Quando começou a fumar, comprava cigarros de filtro vermelho e ao contrário de quem está querendo parar ou o resto dos fumantes, foi diminuindo o nível de nicotina dos cigarros, mudou pro azul, depois pro light e nunca parou. Era tão minha, só não me deixava acreditar. Ela tinha uma capacidade estranha de odiar e amar mais do que o normal. As pessoas que eram odiadas morriam de uma forma assustadoramente rápida, dava impressão que ela os matava mas não era capaz de matar uma barata aquela criatura pequenina que cabia toda em mim. Seus amores, como sei bem, pensavam em morrer mas não morriam pra cuidá-la. Sabiam bem que ela precisava deles como fonte de vida, como motivo. Implorava sempre - Não morre antes de mim? Eu não saberia respirar sem você. Como qualquer ser humano era de uma insatisfação infinita. Só estava satisfeita quando permanecia o tempo que quisesse ao lado das pessoas que amava, o que na verdade nunca aconteceu, porque ela nos queria o tempo todo ou quando ouvia uma música maravilhosa nova ou melhor ainda aprendia a tocá-la. Era de um mau humor inexplicavelmente divertido, inclusive pra ela. Apesar de causar vários problemas. Inútil tentar explicar, não se explica direito alguém em palavras. Explica-se vivendo a pessoa, como eu vivi, como ela viveu a si mesma e viveu tanto os poucos que eram queridos. Ela era uma droga e eu vou viver o resto da vida em abstinência.

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