sábado, 30 de maio de 2009

Noemi

Calada e inquieta, Noemi lembra-se de não estar depilada. Coisa que pouco homem suporta é mulher peluda. Sem saber o que fazer, decide fingir desmaiar. Sabendo que um homem de negócios não gostaria de ser encontrado em um hotel com uma prostituta, ainda mais desmaiada, logo sairia do quarto e não alertaria ninguém sobre o ocorrido. Então após tirar sua blusa, cai.

Noemi enganara-se sobre o homem, era um pobre escritor no dia do seu aniversário. Não havia notado as paredes descamando tinta velha. Apenas se concentrara no dia em que quase foi morta por estar com pêlos nas axilas. Imaginou então que a fúria seria maior se a região fosse outra, impossível de esconder enquanto exerce seu trabalho.

Na madrugada anterior, pensara em se matar como em todas as outras noites desde que começou a se prostituir. Era jovem demais e há alguns anos havia se formado em música numa universidade pública qualquer que a levou sair da cidade pequena para que fosse procurar oportunidades na capital. Passou alguns dias com o pouco dinheiro que seus pais puderam lher dar, procurando por emprego. Desiludida, com seu diploma de baixo do braço, morta de saudades de seus queridos, sentara-se no fim da tarde num bar que vendia fiado. Ali Noemi passou muitos finais de dia indignada pela falta de valor que davam praquele papel que carregava pra todo lado. Não havia escola, nem bares que a quisessem. Acabou pedindo emprego pro dono do bar, para poder além de pagar suas contas, beber mais.


(continua)

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