terça-feira, 7 de agosto de 2012

Vamos andando...

A alienação impera em padrões estabelecidos do que deve ser uma mulher. Claro que o homem também não está fora das imposições da sociedade, inclusive a machista, mas a história não nos deixa negar que a condição da mulher fora e ainda é, infelizmente, muito menos liberta do que a de ser homem.
Freud fora mal interpretado quando falou sobre o "complexo de castração" ou "inveja do pênis". Não era o que ele achava que a mulher deveria sentir, e sim o que algumas das mulheres que analisou demonstravam sentir. Não posso deixar de lado o maior estudioso da mente humana já existente, quando compreendo que esses padrões são estabelecidos e criados pela mente humana. Este órgão sexual representa a mais visível diferença entre os dois, um o possui, a outra não, e os pensamentos que acabam por deixar a mulher numa posição abaixo da que o homem exerce na sociedade, foram obviamente criados por eles. Portanto, o pênis se torna símbolo de poder, da qual a situação de inferioridade da mulher a fez alguma vez invejar.
Com isso, pode-se começar a compreender o feminismo. Hoje temos uma repartição neste campo, aquelas que são "femistas", ou seja, aquelas que acreditam que a mulher é melhor do que o homem, que deveriam trocar de lugar. E a "feminista" que acredita que a mulher é tão capaz quanto o homem em todos os âmbitos, e pretende alcançar uma igualdade real, sem que seja necessária uma dominação por qualquer uma das partes.
O despertar desse texto em mim, foi quando ouvi a conversa de um velho e uma mocinha concordando "as mulheres deveriam parar com essa história de feminismo, e se preocupar com a feminilidade que está sendo esquecida."
Gostaria imensamente de ter o livro "O Segundo Sexo" em mãos agora para poder resumir citando algumas linhas que Simone de Beauvoir, tão perfeitamente descrevera o pensamento alienado. Assim prevejo que terei que me prolongar um pouco mais. O que tenho na ponta da língua é: "Não se nasce mulher. Torna-se mulher."
Aprendemos com a sociedade a postura necessária para se tornar uma mulher. Caso uma mulher se ache mais bonita fora dos saltos, caso uma mulher se ache mais atraente fora da acadêmia ou da cirurgia plástica, caso uma mulher se sinta mais confortável de cabelos curtos, ela não estará exercendo a sua função de padronizar a beleza, sua função de ser um pedaço de carne enfeitada.
Um dia desses, discutíamos besteiras em sala de aula, quando a professora doutoura fez uma observação: "Percebam como temos poucas professoras bem sucedidas profissionalmente e casadas. Porque vocês acham que isso acontece? O homem não gosta de mulher mais poderosa do que ele. Vocês tem que ver o que é prioridade para vocês."
Quer dizer que tenho que escolher entre um sucesso ou outro? Quer dizer que as mulheres solteiras não podem ser tão felizes quanto as casadas? Quer dizer que nenhum dos casos foi por escolha da própria pessoa, e sim por um ser que tem a confiança arrasada porque uma mulher, ó ser tão inferior, conseguiu um salário melhor do que o dele? Quer dizer que devo entender que o homem pensa que devo ser inferior a ele, para que ele me ame? Quer dizer que devo amar alguém que me acha inferior ao ser que amo?
O passado serve para nos ajudar a termos mais rebolado pro futuro, mas o passado ficou no passado, e a igualdade é o que buscamos, não queremos baixar a cabeça deles, e sim nos olharmos frente à frente, como qualquer ser humano tem direito.
Relações de dominação existem, mas nem por isso devemos contemplá-las como se fossem as melhores, esquecendo que temos a capacidade de racionalização, por isso podemos transferir esse "instinto de dominação" para dominação das nossas próprias ideologias, e não aceitarmos condições que nos colocam inferiores, nem de querermos inferiorizar o outro. Somos todos iguais? O discurso contrário seria abominável prum mundo que hoje discute tanto a necessidade do respeito entre as diferenças. Somos todos e todas tão capazes e merecedores quanto. Não é apenas o homem e a mulher que são diferentes, são todos os seres humanos, com objetivos, e felicidades diferentes. É nítido que o discurso da igualdade continua atrasado apenas teorizando. Claro que isso não se restringe às mulheres, mas à toda camada inferiorizada da sociedade.
Respeito é essencial, e não preciso citar aqui os inúmeros desrespeitos que mulheres sofrem pelo mundo à fora. Só de passear na rua com o shorts menor do que de costume, ouvimos frases que na maior parte das vezes não queremos ouvir, e ficamos constrangidas, mesmo não tendo feito nada. Bom, o machismo está no dia-a-dia, escancarado, mas tão cravado no íntimo da cultura que já nem se percebe mais sua presença, e pesar de existir. Passa da hora de botar a história pra andar.

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