domingo, 27 de maio de 2012

Caminho

O gosto da novidade, as curiosidades, os contatos, o intercâmbio, a saudade. Pode ser um vício, mas o que pode ser mais gostoso do que a liberdade de um novo país? As fotos me trouxeram aquele sentimento que geralmente só a música consegue dar, o sentimento de nostalgia extrema. Quis voltar áquelas terras que você só sente o sol a noite, grudado na pele. O futuro que só pode ser um ponto de interrogação até a hora da próxima passagem. Eu amo principalmente o primeiro dia de uma viagem. É essa sensação que me volta, da noite que chegamos ao Uruguai e fomos à praia beber grapamiel, e tentar um espanhol ainda fraquinho. Do vento batendo na cara, e um mundo novo pela frente. Dividir risadas e impressões com uma velha amiga, guardar segredos. O que acontece onde formos, fica aonde formos, e na lembrança que instiga mais. As pessoas com as quais vivemos momentos incríveis, provavelmente inesquecíveis, e que nunca mais voltarão ao nosso encontro. Lembro de quando chegamos ao Chile, e naquele taxi até o hotel, não pisquei o olho, numa quase escuridão, sem trocar uma palavra com minha mãe, até porque seria desnecessário. Quem adivinharia o que eu iria pensar antes mesmo de pensar, senão ela? Mal pude ver qualquer coisa, mas era emocionante. E então no Rio de Janeiro, cidade que desde pequena quis tanto ver, e sempre me sobrou algum tipo de medo. Quantas vezes desisti, até chegar. Traduzo na memória as palavras em inglês que usei para tentar descrever minha felicidade do impulso ter tomado conta de nós, uma história de amor. Do caminho até a praia mais citada em músicas na história, das prostitutas, do medo da comentada violência, dos sambas, dos choros, das bossas que eu traduzia enquanto isso. Os papos intermináveis sobre o psicológico, enquanto o vinho nos enviava sensações para calarmos e nos deixarmos viver a alma. A vida passava lá fora, e acontecia dentro de um quarto, mas nem por isso, não era novidade, liberdade. São lembranças tão quentinhas. Não vejo a hora de embarcar. Conto os dias pra coragem me abraçar, o dinheiro chegar, e o tempo me permitir não tentar prevê-lo.

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