quarta-feira, 5 de maio de 2010

Ensaio sobre Leitura

Introdução

Objetiva-se neste ensaio apresentar alguns dos problemas presentes na sociedade brasileira no âmbito da leitura e propor possíveis soluções dentro da sala de aula.
É necessário que a escola forme leitores mais críticos e conscientes e deixe de lado a visão de que a leitura é apenas o ato de decodificar signos. Inserindo na vida de seus alunos o hábito da leitura e o gosto por ela.

No Brasil o costume de ler nunca foi praticado de forma presente culturalmente. Como foi um país descoberto no século XVI, a princípio não haviam pessoas nem ao menos falantes do português, quanto mais alfabetizadas. Durante todo esse processo de evolução, na conquista dos portugueses, eram poucos que sabiam ler. Ainda há no país um número considerado alto pelo índice mundial em analfabetos. Quando o país começa a se alfabetizar, já está perto da época do surgimento do rádio.

A partir de então o costume foi voltado sempre para a evolução dessas máquinas que facilitam a "leitura" ou mesmo a imaginação que seria impossível não ser usada durante o ato de ler. O rádio, o cinema e, depois a televisão que prejudicou altamente o número de leitores interessados. A leitura nunca foi um momento de lazer para os brasileiros. Portanto, o Brasil não tem a cultura presente da leitura desde seu início até os dias de hoje.

Trocar a televisão por um livro, traria benefícios a todos, mesmo que sendo trocada poucas vezes. Através de um livro você estimulará sua imaginação, e vai melhorar sua gramáticas e além de tudo mergulhar em histórias instigantes, passear por países onde nunca pisou, conhecer pessoas inimagináveis, imaginar paixões, conflitos, sentir medo, sentir. Escrever é descrever o sentir. Ler pode se tornar o sentir se o leitor acabar se entregando a um novo mundo de todo aquelo universo estranho que está dentro de tantas páginas.


Conquistando Novos Leitores

"Ler sem raciocinar é como preencher um cheque sem saber quanto se tem no banco."

A alienação é fácil e os jovens no Brasil se sentem menos incomodados quando se encontram nesse estado. Assim podem fazer qualquer besteira ou não fazer nada, sem ter a menor consciência do que está acontecendo a sua volta e o que aquele ato ou não ato pode estar prejudicando seu país. O atual presidente da república Luiz Inácio Lula da Silva, semi-analfabeto, disse "A juventude não gosta de política, mas os políticos adoram. Por isso é que eles mandam e desmandam há séculos." Isso torna a vida desses não leitores mais "cômoda" pois se lessem possivelmente iriam querer participar ativamente como cidadão.

Uma pesquisa para avaliar se os leitores do ensino fundamental de vários países entendiam o que estavam lendo, revelou o Brasil como o pior classificado de todos. O escritor e professor, Ulisses Tavares numa reportagem chamada "Por que o jovem NÃO deve ler" editada pela revista "discutindo LITERATURA" cita cinco motivos possíveis por que o jovem não lê. O primeiro é "Se ler, vai querer participar como cidadão dos destinos do país." que já fôra citado acima. O segundo: "Se ler, vai saber que estão mentindo e matando um monte de jovens todos os dias em todos os lugares do Brasil impunemente." e sem essa informação tem mais facilidade de cair na tremenda cilada que é acreditar que é bacana mentir e matar.

Os que ao menos não caírem nessa história, também não vão poder tentar entender o que está acontecendo neste lugar onde ladrões, corruptos, prostitutas e ignorantes aparecem na mídia, se não se tornarem leitores. "Se ler, vai poder comparar opiniões, acontecimentos, impressões e emoções e acabar descobrindo que sua vida andava meio torta, meio gado feliz." E se lesse talvez acabasse finalmente consciente, com uma visão mais ampla, e "...ficar mais humano e, horror dos horrores, é até capaz de sentir vontade de se engajar num trabalho comunitário, voluntário e parar de ser egoísta."

Essa leitura, por exemplo, poderia despertar-lhes algum sentimento de susto ou até de culpa mas o problema é que a falta de paixão pela leitura ou ao menos o costume de ler, quase sempre não surge neste ponto. É dentro da sala de aula quando está se aprendendo que encontra-se falhas.

Professores, para que haja disciplina em sala de aula, as vezes podem acabar reprimindo a vontade e necessidade de seus alunos de expressar sentimentos perante leituras. É preciso que se sintam a vontade para opinar e expressar suas idéias para que se tornem leitores críticos. Além do que, a interpretação de texto na escola, é feita de forma mecânica, e faz com que o aluno acredite que existe apenas uma possibilidade de interpretação para aquele texto que com certeza não era completamente similar a sua. Como já sabemos, a literatura não é uma matéria exata.

"... ao aluno leitor não é dada a chance de propor outras interpretações possíveis ao documento escrito. Elimina-se a etapa reflexiva da leitura, fazendo com que o leitor se enquadre na interpretação fornecida, pronta e ‘certa’..." (SILVA, 1988, p. 101)

E, reforçando essa idéia, Bakhtin (apud: Luzia de Maria, 2002, p. 33) diz que: “Não é a atividade mental que organiza a expressão, mas é a expressão que organiza a atividade mental, que a modela e determina sua orientação”.

O aluno precisa se comunicar em sala de aula, não só para que possa organizar e expressar suas idéias mas também para que aprenda a respeitar as opiniões de seus colegas.

"O que se deve privilegiar em sala de aula, então, é o processo de interações verbal deflagrado por situações de leitura que permitam a identificação dos leitores, como interlocutores. A troca de opiniões entre os alunos instaura o espaço da discursividade que proporciona o confronto entre autor e leitores." (Rangel, 2005, p. 48)

"De posse do conhecimento dos mecanismos discursivos, o aluno terá acesso não apenas a possibilidade de ler como o professor lê. Mais do que isso, ele terá acesso ao processo da leitura em aberto. E, ao invés de vítima, ele poderá usufruir a indeterminação, colocando-se como sujeito de sua leitura." (Orlandi, 1999, p. 59)

No momento que está se trabalhando com o aluno, é preciso sensibilidade por parte do professor. Qualquer atitude indevida pode refletir no futuro de seus alunos e influenciar por onde irão continuar seus caminhos. O prazer que a leitura pode causar é fundamental para que não se afastem dos livros. É por isso que muitas vezes o que se esperava que acontecesse durante esse processo tem ocorrido de forma totalmente contrária.

Seja a leitura qual for, o leitor nasce lendo o que é de seu interesse e assim se constrói uma vontade incessante pelo buscar nos livros, jornais, revistas e até internet, o seu modo de ver e aprender. No processo de iniciação não é de extrema importância o que é lido e o número de livros que o aluno leu, ao contrário do que se vê nas escolas com uma programação e lista de livros obrigatórios para que o aluno cumpra no ano letivo. Depois de mais familiarizado, o novo leitor poderá encarar com muita mais facilidade outros livros, como os clássicos da literatura e entender o que ali está escrito e não aprender apenas a decodificar signos.

Também deve ser lembrado que o tempo de aprendizagem necessário de alunos de classes sociais menos privilegiadas deve sempre ser respeitado por seus professores. Lembrando que possivelmente esses possam não ter tido acesso a livros, computador, nem ter convivido com pais alfabetizados.

Uma criança com todos esses artifícios terá mais chances de se desenvolver uma boa leitora do que aquele com menos condições ou condições mais precárias.

A partir de um enfoque mais crítico e do fracasso do Estado, que tinha como objetivo democratizar as escolas, os educadores passaram a encarar a escola como instrumento de reprodução e manutenção das desigualdades sociais, afundando nessa desesperança de que por meio da educação nada poderia ser transformado mas apenas conservado. Além do que há ainda 7 milhões de crianças com idade escolar no Brasil sem vagas.

"O pessimismo pedagógico abateu-se sobre os educadores, esvaziando nosso papel enquanto agentes de mudanças, destinando-nos ao imobilizismo, a perplexidade. No entanto, numa percepção atual mais viva da sociedade e da história, numa perspectiva mais consciente do movimento dinâmico e dialético da realidade social, procuramos nos orientar por um realismo pedagógico que, resgatando o papel da escola e da educação, leva em consideração seus limites e, portanto, suas possíveis contribuições a uma sociedade que se pretende mudar." (Kramer, p. 96)

Utilizar não apenas de tarefas escolares mas também de teatros, grêmios, concursos, produções de jornais, jogos, entrevistas e outras práticas reais de leitura poderia ajudar muito na conquista de novos amantes dos livros, influenciando os alunos positivamente. O trabalho de grupo ensina a ouvir. Dar liberdade para que os alunos escolham seu modo de apresentar trabalhos, sempre é bom. Os obriga entender o que estão lendo e procurar uma maneira fácil e que seja do gosto deles. Os alunos prestam mais atenção quando são seus próprios colegas que estão interessados no assunto. Se for conquistado um, talvez esse mesmo acabe conquistando mais alguns. O educador precisa saber usufruir dessas motivações.

"O pretexto da leitura querida, escolhida, procurada, conquistada é o da liberdade, o subtexto da leitura-obrigatória é a obediência. Entre uma e outra, múltiplas formas de ação e criação de leitura.


Considerações Finais
Dar liberdade para a escolha do que causa a sensação de liberdade, os livros, conquista e faz novos leitores ativos, e futuramente conscientes e críticos. O educador precisa conhecer seus alunos e tentar entendê-los da melhor maneira possível neste processo de aprendizegem e formação, por algo que poderá fazer tanta diferença na vida de seus alunos.

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